Sem saber por qual porta do Palácio do Planalto entrar, o futuro ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) chegou à audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendendo maior rigor sobre os que cometem crimes contra a natureza. "Tremei poluidores", disse Minc, anunciando que tem um plano que define normas que aumentam a rigidez no combate aos crimes ambientais.
"Ministro do diálogo não significa que não vai ser duro com o crime ambiental. Pelo contrário, criar uma coordenação integrada de combate aos crimes ambientais, inteligência verde, banco de dados verde. Tremei poluidores", disse ele.
Em seguida, Minc afirmou que o texto estabelecendo os novos princípios já está pronto e seria entregue a Lula. "Os criminosos ambientais vão para a prisão", afirmou o novo ministro. "Já tenho preparado [o projeto que define o aumento do rigor] e pode ser feito por portaria ou decreto", disse ele.
Na conversa com o deputado Sarney Filho (PV-MA), líder da Frente Parlamentar do Meio Ambiente, Minc apresentou suas dez prioridades. Em cerca de uma hora de encontro, o novo ministro ouviu também de Sarney Filho que a preocupação dos parlamentares é com a Amazônia, a inclusão de propostas "verdes" na reforma tributária e as populações que moram em áreas de preservação ambiental.
"O ministro demonstrou estar interessado em fazer um trabalho correto e em parceria com a frente. Nós estamos dispostos a ajudar", disse Sarney Filho. "O ministro relatou o que fez no Rio e acredita ser possível executar em nível nacional. Mas prometeu não ceder em relação aos licenciamentos embora defenda a agilidade nas concessões."
Chatice
Depois de "jurar de pés juntos" que não viria para Brasília, Minc chegou pela manhã na cidade e manteve as queixas sobre a capital federal. Ao ser questionado se ele não temia ser repreendido por Lula por sua personalidade polêmica, o novo ministro negou o risco de veto presidencial ao seu estilo.
"Acho que sim, né?", reagiu Minc, respondendo à pergunta se seria aceito pelo presidente no estilo polêmico que o caracteriza. "Pior coisa é a chatice. Brasília às vezes é tão chata, precisa animar um pouco", afirmou ele.
Sem assessores, Minc pediu ajuda aos jornalistas para ser guiado até os elevadores para ir ao 3º andar onde fica o gabinete do presidente Lula. Confessou estar assustado com a quantidade de jornalistas que o cercavam e prometeu "falar bastante".
(Por Renata Giraldi, Folha Online, 19/05/2008)