Australianos estão divididos sobre sacrifício de cangurus
cangurus
2008-05-20
Ativistas organizaram um protesto numa base militar próximo de Canberra, capital da Austrália, no último sábado (17/05), depois que o governo do país anunciou que irá matar entre 400 e 600 cangurus nos próximos dias. As autoridades alegam que os marsupiais - símbolos do país, assim como os coalas - ameaçam ecossistemas locais.
De acordo com as autoridades, o deslocamento desses animais para reservas em que não causem problemas é muito cara, e cruel, segundo cientistas. Grupos ecologistas, entre eles, um apoiado pelo ex-Beattle Paul McCartney, estão enfurecidos com a ação.
"Se eles começarem essa matança, passaremos essas cercas", disse Pat O'Brien, da Associação de Proteção de Vida Silvestre, referindo-se à base militar de Belconnen montada na região para executar os animais. "Estamos 24 horas por dia de olho. O governo alega que esses marsupiais destróem o hábitat de outras espécies em extinção, como lagartos e insetos. E o Ministério da Defesa disse que o translado é caro demais e que contratou uma empresa para assessorar 'em mortes de acordo com um trato humanitário para os cangurus'", acrescenta o ativista.
Alguns cientistas defendem a matança argumentando que esse deslocamento é difícil, perigoso e cruel para os animais, sem garantias de que sobrevivam. Os australianos, no entanto, estão divididos: alguns acreditam que o animal simboliza a biodiversidade da natureza do país, enquanto outros vêem os cangurus como pragas.
Há um ano, o governo está indeciso sobre o sacrifício, com protestos internacionais influenciando em suas opções. Paul McCartney apareceu no inicío de março na imprensa condenando a matança e chamando-a de "massacre vergonhoso". Segundo o músico inglês, "existe uma necessidade urgente de agir para proteger os cangurus contra a bárbara indústria que os mata de maneira selvagem para obter sua carne e sua pele".
Os canguros, conforme o governo, serão caçados com dardos contendo tranquilizantes e receberão em seguida injeções letais.
(Por Tatiana Feldens, Ambiente Já, 19/05/2008)