Uma de cada oito aves do mundo está ameaçada de extinção devido ao aquecimento global, afirmou um importante grupo ambientalista nesta segunda-feira (19). As populações de aves raras como o rouxinol-floreana, das ilhas Galápagos, ou o maçarico-de-bico-de-colher, que se reproduz no norte da Rússia e passa os invernos no sul da Ásia, diminuíram acentuadamente, e esses animais podem se extinguir, afirmou em um relatório a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
O documento "Lista Vermelha das Aves", publicado no primeiro dia de uma conferência da Organização das Nações Unidas sobre a biodiversidade que ocorre entre os dias 19 e 30 de maio, em Bonn (Alemanha), afirma que 1.226 espécies de ave se encontram ameaçadas. O relatório anual, que possui grande respaldo entre os ambientalistas, acrescentou oito das 10 mil espécies de ave do mundo à categoria de criticamente ameaçada, o maior grau de risco.
Pressão enorme
"A versão mais recente da Lista Vermelha da IUCN mostra que as aves enfrentam uma pressão enorme devido às mudanças climáticas," diz Jane Smart, chefe do Programa de Espécies da IUCN. A entidade reúne governos, grupos ambientalistas e cientistas. Períodos prolongados de seca e alterações climáticas bruscas fragilizam cada vez mais habitats dos quais as aves dependem, afirmou o documento, observando que os casos de extinção estão ocorrendo em áreas continentais, e não em ilhas, onde esse tipo de fenômeno costumava ser mais comum.
Entre as espécies incluídas na lista de aves ameaçadas estão o maçarico da Eurásia e a felosa de Dartford, que vivem na Europa e no noroeste da África. Ambos encontravam-se antes na categoria "menos ameaçadas". O relatório da IUCN afirmou que o Brasil e a Indonésia possuem os maiores números de espécies ameaçadas, com 141 e 133, respectivamente. O grupo citou várias outras espécies cuja população diminui rapidamente. Entre essas está o maluro-de-mallee. O habitat dessa ave tornou-se tão fragmentado que um único incêndio florestal pode ter consequências catastróficas, afirmou o relatório.
Restam 60
Nas ilhas Galápagos, a população do rouxinol-floreana caiu para menos de 60 indivíduos -- em 1996, estimava-se que essa cifra fosse de 150. E hoje o animal consta da lista dos criticamente ameaçados porque é extremamente vulnerável a fenômenos meteorológicos extremos.
O documento citou também algumas espécies cuja situação melhorou devido a esforços de conservação, entre as quais o pombo-imperial-marquesano e o kiwi-pintado. Cerca de 4.000 delegados participam da Convenção sobre a Biodiversidade, onde pretendem discutir formas de garantir a sobrevivência de uma série de espécies e de tentar diminuir a velocidade de extinção de várias plantas e animais.
(G1, 19/05/2008)