(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
marina silva política ambiental brasil
2008-05-20

É difícil avaliar a gestão da ministra Marina Silva de forma isenta e objetiva. Mas, qualquer que seja a avaliação, fica evidente que a ministra mostrou-se muito menor do que a ambientalista. Desde o início do primeiro mandato, os cuidados sócio-ambientais e a legislação ambiental foram seguidamente atacados pelos ministros da agricultura, de minas e energia, pelos presidentes da Eletrobrás, por grandes industriais e outros defensores deste modelo de desenvolvimento. Marina Silva, na maioria das vezes, manteve-se calada e, quando assumia a defesa pública da agenda sócio-ambiental, era publicamente desautorizada pelo presidente e pelos ministros do primeiro círculo do poder.

Apenas recentemente, resolveu assumir a defesa pública da legislação ambiental, questionando e criticando a devastação como alavanca do desenvolvimento e reafirmando que o meio ambiente não é o vilão do crescimento. Ora, não há nenhuma razão para condenar as pessoas por não terem onde morar. Sobretudo quando elas se dispõem a mudar o atual estado de coisas em que a especulação imobiliária ganha força a despeito da função social da cidade.

O governo Luiz Inácio da Silva impôs grandes derrotas ambientais e sem a ministra Marina Silva teria sido muito pior. A trincheira que construiu dentro do governo foi uma importante contribuição à causa sócio-ambiental. Mas, em outra perspectiva, Marina Silva também cumpriu o papel de "esverdear" o governo. O mito ambiental Marina Silva, internacionalmente conhecido e reconhecido, ofereceu um biombo verde, usado pelo governo para ocultar a sua opção desenvolvimentista a qualquer custo. Neste sentido, Marina Silva prestou um desserviço à causa.

Na prática, pouco ou nada mudará com Carlos Minc no ministério. A agenda desenvolvimentista continuará intocada, quaisquer que sejam os danos sociais ou ambientais deste modelo equivocado de desenvolvimento. O ministério do meio ambiente continuará no papel de objeto cênico, porque esta é a vontade expressa do governo. De qualquer forma, agora, já sabemos quais serão as regras do jogo, quais os desafios e quais serão os embates ao longo dos próximos anos. Melhor assim. O governo Lula não possui a menor compreensão do que realmente seja desenvolvimento sustentável e isto foi fartamente demonstrado desde o início do primeiro mandado.

Este governo não consegue compreender que o processo de licenciamento ambiental é "ligeiramente" diferente da concessão de um mero alvará e por isto não suporta a idéia de que as licenças não sejam concedidas automaticamente, como se fossem meros detalhes burocráticos. Se dependesse do voluntarismo governamental teríamos ampla e irrestrita concessão de licenças ambientais, para quaisquer atividades, sem qualquer consideração para com as questões sócio-ambientais.

Diversos membros do primeiro círculo do poder já afirmaram que a grande fase do desenvolvimento do Brasil se deu durante os governos militares, coincidentemente uma época em que as preocupações sociais e ambientais das grandes obras simplesmente inexistiam. Aliás, o presidente Luiz Inácio da Silva não cansa de elogiar os projetos dos governos militares, quando a agenda desenvolvimentista era realizada na marra.

O governo, a começar pelo próprio presidente, reclama dos ambientalistas, dos índios, dos quilombolas, dos ribeirinhos, do ministério público, do poder judiciário, dos movimentos sociais e de todos os que não concordam com esta opção pseudodesenvolvimentista. E reclama com razão, porque estes segmentos da sociedade não aceitam este modelo de desenvolvimento a qualquer custo.

A demissão de Marina Silva reafirma o que ficou demonstrado na III Conferência Nacional do Meio Ambiente: que a tolerância e a boa vontade, para com os equívocos e ambigüidades das políticas ambientais, definitivamente acabaram. O presidente Luiz Inácio da Silva deve refletir se realmente considera como adversários os ambientalistas, índios, quilombolas, ribeirinhos, ministério público, poder judiciário, movimentos sociais e, se assim for, arcar com o custo político desta decisão. O governo perdeu a "proteção" do mito ambiental Marina Silva. Ficou sem o seu biombo verde e, certamente, ficará muito mais exposto pelos seus equívocos sócio-ambientais.

(Por Henrique Cortez *, Adital, 19/05/2008)
* Ambientalista, vice-presidente da Câmara de Cultura/RJ e coordenador do Portal EcoDebate


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -