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tratamento de esgoto aracruz/vcp/fibria celulose e papel
2008-05-20

Na pequena e esquecida vila, moradores dependem da pesca no São Gonçalo

Após anos acalentando o sonho de progresso de seis cidades da Metade Sul, a direção da Votorantim Celulose e Papel (VCP) anunciou, na semana passada, que a disputa pela instalação da fábrica do projeto Losango estava entre duas cidades: Rio Grande e Arroio Grande.

Divididos apenas pelo canal São Gonçalo, os municípios agora trabalham para garantir o empreendimento, que ficará em uma das margens, provavelmente, em Santa Izabel (Arroio Grande) ou na Palma (Rio Grande).

As duas localidades são parecidas, pois têm na pesca uma das principais atividades econômicas e ocuparam um lugar importante na história do Rio Grande do Sul, recebendo ilustres figuras do cenário político. São terras ricas em fauna e flora, onde diversas espécies de aves, insetos, cobras e pequenos roedores habitam seus banhados e pastos, que começam a ser utilizados para o plantio dos eucaliptos. Esses, inclusive, podem ser vistos em terras de diversas cidades da região, entre elas Herval, Piratini e Pelotas.

No entanto, a infra-estrutura é quase nula em Santa Izabel. Lá, a comunidade não conta com água encanada e o serviço de energia elétrica ainda é precário. O distrito fica distante cerca de 50km do centro de Arroio Grande e o acesso só pode ser feito pela RS-473 e BR-116 pois, há aproximadamente cinco anos, a única balsa que ligava Santa Izabel à outra margem do canal São Gonçalo - tendo como opção mais próxima a cidade do Rio Grande - está desativada.

Ao chegar no local, a impressão que se tem é de que o vilarejo parou no tempo: prédios antigos, deteriorados pelo descuido, sem restaurantes e tampouco uma agência bancária, farmácia ou posto de saúde. Apenas uma vez por semana os moradores do local contam com o serviço de transporte coletivo e até mesmo a realização de uma missa na paróquia de Santa Izabel, uma das mais antigas do Estado, construída em 1861.

Os cerca de 700 moradores do vilarejo precisam se deslocar para cidades vizinhas - Pelotas e Rio Grande - ou a Arroio Grande quando necessitam, inclusive, fazer compras em um supermercado. "Trabalho na pecuária e há muitos anos aguardamos pelo saneamento básico. Agora, a possibilidade de a fábrica (da Votorantim) se instalar no Município coincidirá com a instalação dos canos para a chegada da água tratada", conta o morador da área rural de Santa Izabel, João Brandino Santos, de 54 anos, ao apontar para as áreas verdes adquiridas pela empresa de celulose.

Vilarejo sofre sem infra-estrutura básica, mas não perde a esperança
Agora, com a nova possibilidade de consideráveis mudanças econômicas para a antiga vila independente de Santa Izabel dos Canudos, a construção da fábrica da Votorantim é o assunto mais debatido entre os moradores, que há muitos anos aguardam pela transformação do vilarejo. O distrito de Arroio Grande tem tudo para ser uma atração turística no sul do Estado, deixando sua comunidade frustada, mas ao mesmo tempo esperançosa.

No último sábado, quando a equipe do Agora esteve na localidade, os moradores contaram que a Corsan havia passado a semana questionando a comunidade sobre o interesse em receber o serviço. "Eles (técnicos da Companhia) perguntavam se usamos água de poço, para fazer um levantamento sobre quantos moradores estavam interessados em receber água tratada", fala Santos.

Quanto à energia, a comunidade sofre com as quedas freqüentes de luz, deixando os moradores, inclusive, até três dias sem eletricidade. "Chegamos a perder vários alimentos devido à falta de refrigeração", conta a proprietária de um dos cinco estabelecimentos comerciais no vilarejo, Elaine Machado Kerchner, sem muitas perspectivas.

A expectativa pela instalação da fábrica da Votorantim Celulose e Papel (VCP) divide opiniões no distrito ligado à Arroio Grande. Formado por mais de 90% de pescadores, o local é constituído de pasto e banhado. "Acredito que a fábrica não será instalada aqui, pois Rio Grande já possui toda a infra-estrutura necessária. Mesmo assim, é preciso confiar", justifica Elaine.

Ao passar pelas ruas sem calçamento, é possível encontrar vestígios de um local que teve sua importância dentro do cenário econômico da região sul do Estado e, com o passar do tempo, acabou praticamente esquecido pelas autoridades públicas. O antigo porto era o local onde se escoava toda a produção de calcário pertencente à fábrica de cimento da família Matarazzo, que hoje dá nome a um dos locais do interior de Arroio Grande. "Penso que Rio Grande se mobilizará mais, ainda mais por se tratar de um ano eleitoral", fala José Inácio Lemos dos Santos, que durante oito anos ficou à frente da Subprefeitura de Santa Izabel. Segundo ele, ao dirigir seu olhar para o canal São Gonçalo, de onde a maioria da comunidade tira seu sustento, os moradores não estão muito confiantes e vêem com certo desdém a possibilidade de a região crescer através da instalação da fábrica de celulose e papel. "Como iremos receber milhares de trabalhadores se não contamos com água encanada nem energia elétrica de qualidade?", questiona Santo.

Possuindo apenas uma escola de Ensino Fundamental, até hoje o isolado vilarejo não oferecia perspectivas para os mais jovens. "Santa Isabel tornou-se terra para aposentados, pois não há expectativa de trabalho. Os jovens estudam e sabem que, para seguir uma profissão a não ser a de pescador, precisam sair daqui", completa o aposentado Gelci Machado.

A expectativa da comunidade é maior em relação à construção da ponte ligando as duas margens do canal São Gonçalo, entre Rio Grande a Arroio Grande, e ao asfaltamento da RS-473, do que em relação à própria instalação da fábrica. "São promessas que já duram vários anos. Mesmo que a fábrica não seja instalada em nossa margem, esperamos que o empreendimento movimente esta região, aumentando as possibilidades de estas duas obras saírem do papel", fala Elaine Kerchner, cheio de esperança.

Investimento
A possibilidade da implantação da planta industrial da VCP na região próxima à Santa Izabel foi adiantada pelo Agora já em outubro do ano passado, quando uma reportagem apontava pedido feito por José Roberto Ermírio de Moraes, presidente da Votorantim, ao presidente Lula e à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), com relação à ponte sobre o São Gonçalo naquela região e ao asfaltamento da RS-473, além de outras obras necessárias à logística do empreendimento.

Na semana passada (12/05), em nova matéria exclusiva ("Documento aponta provável local de instalação da VCP"), o Agora mostrou parte de um documento apresentado em reunião entre a VCP e o governo do Estado, em que as mesmas obras são solicitadas. O documento reforça a possibilidade de a fábrica ser instalada em uma das margens do São Gonçalo (de um lado fica Santa Izabel, distrito de Arroio Grande; na outra margem, já é território rio-grandino).

Se atendida a reivindicação da construção da ponte e asfaltamento da RS-473, o trajeto entre a pequena vila e o terminal florestal a ser instalado no Porto do Rio Grande seria de 63km. Hoje, saindo de Santa Izabel e passando por Pelotas, são 125km (o dobro da distância), além de duas praças de pedágio.

(Por Mônica Caldeira e Germano S. Leite, Jornal Agora, 20/05/2008)


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