Um dos motivos apresentados pela ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva para deixar o cargo foi exatamente a pressão de governadores - entre eles, Ivo Cassol (Rondônia) e Blairo Maggi (Mato Grosso) - contra ações para reduzir o desmatamento da Amazônia.
Em entrevista na sexta-feira, Marina disse que os dois governadores têm usado de sua influência política para atravancar projetos que estabelecem punição aos que desmatam a floresta.
Levantamento feito pelo ministério e divulgado neste ano mostrou que Mato Grosso, Pará e Rondônia são, nessa ordem, os Estados que mais desmatam no País.
Defensora radical de uma intensificação das ações de fiscalização do desmatamento por parte do governo federal, Marina nunca teve uma relação pacífica com Cassol. No início deste ano, a ex-ministra, que voltará ao Senado, acusou o governador de ser o gestor estadual que mais dificulta o combate à derrubada de árvores na Amazônia.
Em março, Cassol repudiou o uso da Força Nacional de Segurança na Operação Arco de Fogo, da Polícia Federal, para combater o desmatamento ilegal da Amazônia. Ele disse, na época, que a Força Nacional não seria bem-vinda em seu Estado, a não ser para vigiar as fronteiras com a Bolívia e evitar o tráfico de drogas.
Em outra ocasião, Marina acusou Cassol de retirar o suporte para fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Estado no momento em que eles mais precisavam de apoio para impedir a fiscalização.
Por sua vez, o governador acusou a ministra de discriminar o Estado ao tratar madeireiros e produtores rurais como criminosos. A ofensiva contra Marina teve também o reforço de um aliado político de Cassol. O senador Expedito Júnior (PR-RO) chegou a dizer que ela perseguia o Estado e fazia dele o bode expiatório de todos os problemas ambientais.
(O Estado de S.Paulo,
Amazonia,org.br, 19/05/2008)