A queima de lixo por parte dos moradores da cidade de Nápoles (sul da Itália) provocou, durante a última noite, cerca de 90 incêndios que tiveram de ser controlados pelos bombeiros, o que aumentou o risco de poluição ambiental na região.
Diante do mau cheiro, a falta de higiene e a impossibilidade de passar pelas ruas de Nápoles, os vizinhos protestaram contra a proibição de queimar os resíduos e atearam fogo às porções de resíduos que se acumulam perante suas casas. Também durante a noite, os cidadãos, em ato de protesto, acumularam os dejetos e montes de lixo no meio das estradas, bloqueando a circulação dos veículos.
O presidente do Colégio de Médicos de Nápoles, Giuseppe Scalera, destacou no domingo que a situação higiênica na região está "no limite", e logo pode se tornar "dramática". Por sua parte, o prefeito de Nápoles, Alessandro Pansa, assegurou em entrevista publicada nesta segunda-feira, 19, no diário La Stampa que "a situação está sob controle e que não existe emergência alguma".
Pansa anunciou ainda que será retomado nesta segunda o transporte do lixo por trem em direção a Alemanha, que permitirá desfazer-se diariamente de cerca de mil toneladas de dejetos, e que a cidade voltará a estar limpa em alguns dias.
A crise é recorrente em Nápoles há 14 anos, devido à falta de lixões, e teve seu último pico no início deste ano, quando o antigo governo de centro-esquerda de Romano Prodi enviou o Exército para tentar acabar com o problema. O novo governo do conservador Silvio Berlusconi realizará seu primeiro Conselho de Ministros no dia 21 em Nápoles, e na ordem do dia figura a questão da crise do lixo.
Segundo os meios de comunicação italianos, Berlusconi já tem pensado em enfrentar o problema propondo dez novas áreas onde se possa construir lixões, já que outro dos problemas é de que alguns dos vizinhos se opõem a que os lixões estejam perto de suas casas. Além disso, Berlusconi indicará a necessidade de acelerar a construção de incineradoras de resíduos, assim como poderá chamar o Exército para que colabore nas tarefas de recolha e limpeza da área.
(Estadão, 19/05/2008)