Os ministros da Agricultura da União Européia (UE) vão discutir segunda-feira, em Bruxelas, a situação do mercado de cereais e uma proposta de flexibilização na utilização de pesticidas, que conta com a oposição da Comissão Européia e de Portugal.
O conselho ministerial vai debater a situação do mercado agrícola e a evolução dos preços, tendo o ministro luso da Agricultura, Jaime Silva, apontado como "ponto mais importante" da reunião a análise da situação do mercado de cereais.
"Nós iremos constatar que de fato os preços dos cereais, como era previsível, começaram a baixar, quer no mercado mundial, quer na UE", afirmou, sexta-feira, em Bruxelas, o ministro, apontando que no espaço comunitário "naturalmente que a pressão para a subida de preços baixou, face às exportações, e é natural que os preços baixem ligeiramente".
Jaime Silva defendeu, todavia, a necessidade de se pensar numa "estratégia a médio e longo prazo", para a UE não voltar a viver uma situação como aquela ocorrida nas últimas duas décadas, quando os preços baixaram por força das políticas comunitárias de aumento das ajudas aos agricultores para baixar os preços, o que "levou muitos agricultores a mudarem para outras culturas e outros a deixarem de produzir", tendo a UE perdido entre, 2002 e 2006, 44 milhões de toneladas.
Com o aproximar da nova colheita, assinalou, a União irá ter, no mínimo, 24 milhões de toneladas de excedentes "relativamente àquilo que é a procura da UE face à produção da UE".
Entre outros pontos da agenda, os ministros da Agricultura dos 27 vão discutir uma proposta da atual presidência eslovena da União Européia com vista a uma maior flexibilização na utilização de alguns pesticidas, que, segundo o próprio ministro, "coloca problemas à delegação portuguesa", e disso mesmo já deu conta à Comissão, que também se opõe à proposta.
"Acho que a UE tem padrões de segurança alimentar dos quais não pode abdicar. Não deve reduzir aqueles que já aprovou. Concordo com a posição da Comissão de não utilizar alguns pesticidas. Não vamos flexibilizar aí", disse.
(Agência Lusa,
UOL, 17/05/2008)