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habitação
2008-05-16

Secretário municipal da pasta culpa burocracia pela falta de novos loteamentos populares

Situação habitacional poderia ser atenuada, caso houvesse prevenção por meio da Defesa Civil

Caxias do Sul - O trabalho preventivo da Defesa Civil caxiense, mostrado deficiente no Pioneiro de ontem, poderia atenuar a situação perigosa em que habitam centenas de famílias. Elas moram em casebres escorados em encostas íngremes ou em zonas com risco de inundação. A maioria dessas áreas é ocupada devido a invasões. A cada semana, por falta de trabalho preventivo, esses assentamentos irregulares crescem em número e extensão.

A aposentada Evanir de Souza Almeida, 53 anos, mora empoleirada em um casebre construído sobre estacas de eucalipto em uma área de risco entre os bairros São Victor/Cohab e Planalto. O lugar não tem nome. Dona Evanir também se sente uma anônima para a prefeitura. Mesmo tendo invadido a área pública há 15 anos, ela espera ser transferida para um loteamento novo, seguro e regularizado:

- Sou uma das primeiras moradoras daqui. Todos os dias tem alguém construindo uma morada nova. Mas o problema é só quando chove. Como não tem mais árvores, a água vai levando a terra. Daí temos que ir escorando as casas para não cair por cima do vizinho - conta.

O secretário da Habitação e também membro da Defesa Civil, Francisco Rech, tem explicações para pessoas na situação da aposentada. Mostrando um mapa detalhado das áreas de risco de Caxias do Sul, ele calcula que 6,5 mil famílias caxienses vivem em locais perigosos ou irregulares. Baseado no levantamento feito há um ano, os técnicos da secretaria elencaram 10 áreas prioritárias para atendimento.

Uma delas é o morro onde mora dona Evanir, batizado informalmente de Cooesp, em referência à Cooperativa Habitacional Esperança do Vale, criada por um grupo de moradores. Segundo Rech, o principal entrave para os novos loteamentos saírem do papel é a burocracia:

- Temos as áreas, dinheiro e a vontade de transferir essas famílias, mas esbarramos nos licenciamentos ambientais. Lutamos para, um dia, estarmos um passo à frente, criando loteamentos antes que a demanda por espaço obrigue as pessoas a invadir locais inseguros.

O secretário contabiliza que, nos últimos três anos, 68 hectares foram submetidos a licenciamento. A maior área, com 32 hectares, fica na 8º Légua. O terreno prevê 547 lotes para moradores de áreas de risco e associações habitacionais. A licitação para a urbanização está prevista para o dia 29 deste mês.

(Por João Henrique Machado, Pioneiro, 15/05/2008)


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