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gas natural do irã grupo Total exploração de gás
2008-05-16
Em 11 de fevereiro de 2008, na embaixada do Irã em Paris, Christophe de Margerie era um dos numerosos convidados que disputavam espaço na festa de gala destinada a celebrar o 29º aniversário da revolução islâmica. Não se pode dizer que o diretor geral da Total seja exatamente um simpatizante incondicional da república dos mulás (líderes religiosos), mas a companhia petroleira francesa sempre procurou cultivar boas relações com Teerã. Apesar das dificuldades enfrentadas para se investir num país que foi sancionado pelas Nações Unidas por conta do seu programa nuclear, nada seria pior do que cuspir no prato de sopa, ainda que esta esteja por ser servida apenas no futuro: o Irã, que possui a segunda maior reserva mundial de gás, está fadado a tornar-se, mais cedo ou mais tarde, uma nova fonte de abastecimento para a Europa.

Por enquanto, a situação das grandes companhias petroleiras americanas, européias e asiáticas é insustentável. Todas elas estão de olho nos campos petrolíferos e na jazida gigante de South Pars, no Golfo Pérsico, o maior reservatório de gás conhecido do planeta. Mas, tudo está contribuindo para retardar a implantação do seu processo de produção: as tensões geopolíticas; a disparada dos custos dos projetos de extração de petróleo e de gás; o caráter pouco lucrativo dos contratos "buy-back" [o governo compra de volta o projeto industrial depois de o investidor direto estrangeiro ter recuperado seu investimento inicial no projeto, mais uma margem de lucro pré-definida]que foram oferecidos pelos iranianos como forma de pagamento dos investimentos das companhias .

Por ocasião de uma visita no Qatar, um país que compartilha o imenso campo de gás com o Irã, Christophe de Margerie voltou a afirmar, na segunda-feira, 12 de maio, o seu interesse "no longo prazo" em firmar parcerias com o Irã, mas ele também acrescentou que não se deve esperar por uma decisão rápida. A Total mostra-se hesitante diante da perspectiva de investir vários bilhões de dólares no Pars LNG, um projeto de extração e de liquefação de gás. Várias companhias petroleiras também estão tergiversando. A anglo-holandesa Shell e a espanhola Repsol querem renegociar o seu contrato de exploração de um bloco do South Pars, que foi assinado em 2002, e que deveria desembocar na implantação do processo de produção em 2007. Elas querem ganhar tempo até que as modalidades da sua participação sejam revistas.

Essas hesitações não agradam aos iranianos. "O Ocidente afirma que o Irã está no processo de expulsar a Total e a Shell, mas nenhum ultimato foi dirigido a estas empresas", declarou recentemente o ministro do petróleo. Contudo, em março, Gholam Hossein Nozari havia sinalizado aos seus dirigentes que eles tinham até o mês de junho para tomarem uma decisão. E Teerã não se cansa de lembrar que, em caso de delongas excessivas, a companhia russa Gazprom e grupos indianos ou chineses tomarão o seu lugar.

Com efeito, os iranianos estão constatando, com certo despeito, que na região costeira do outro lado do Golfo Pérsico, o Qatar se tornou no espaço de alguns anos o maior exportador mundial de GNL (gás natural liquefeito) graças a parcerias com as grandes petroleiras estrangeiras. Hoje, a quantidade de poços de extração e de usinas de liquefação do gás é tão grande que Doha decretou o congelamento de todos os novos projetos de investimentos na exploração do gás até 2010.

Concorrência russo-iraniana
Teerã ainda está no processo de se perguntar o que o país deve fazer com o seu gás. "Existe um debate interno a respeito da definição das prioridades em relação à produção do gás. Este diz respeito a privilegiar a utilização desta fonte de energia para o consumo interno [O Irã foi obrigado a importar gás neste inverno], a efetuar injeções nos campos petrolíferos (de modo a melhorar o bombeamento) ou a aumentar as exportações", sublinha Clément Therme, um especialista no Irã que atua no Instituto Francês das Relações Internacionais (IFRI).

Por carecer de capacidades financeiras suficientes, o Irã não pode implementar todas essas soluções. Em todos os casos, acrescenta Clément Therme, "importantes investimentos estrangeiros serão indispensáveis para alcançar o objetivo que foi definido pelas autoridades: tornar-se o terceiro maior produtor mundial daqui a dez anos". Contudo, esta ambição tem sido sistematicamente contrariada por Washington. A lei d'Amato, que foi aprovada pelo Congresso em 1996, sanciona todo investimento importante na República islâmica. Além disso, os Estados Unidos, que nunca pararam de reforçar o seu arsenal de sanções, vêm exercendo pressões sobre os bancos e os industriais do setor energético para matar ainda no ovo toda veleidade de concluir negócios com a República islâmica.

Enquanto segue aguardando dias melhores, o Irã busca provar que ele continua sendo um grande país petrolífero capaz de explorar por conta própria as suas riquezas. O seu presidente, Mahmud Ahmadinejad, se inclui entre aqueles que querem incentivar as companhias nacionais a demonstrarem a sua capacidade de não mais dependerem das tecnologias e dos financiamentos ocidentais. Depois da quase-retirada da companhia japonesa Inpex, no final de 2006 - sob a pressão dos Estados Unidos, segundo explicaram então certas fontes -, o Irã faz da entrada em produção, em fevereiro, do enorme campo de Azadegan (sudoeste) uma meta prioritária, tanto no plano político quanto econômico.

Mais complexa, a produção de GNL torna obrigatório recorrer ao know-how das grandes companhias estrangeiras. Será que a Gazprom pode tomar o lugar dos ocidentais e com isso consolidar o seu domínio já considerável sobre as entregas rumo à Europa? Mas o gigante russo não dispõe de competências neste setor e, por conta disso, não consentiu nenhum investimento maciço no South Pars. Quanto ao acordo de cooperação energética que foi celebrado em 2007 por Ahmadinejad e Vladimir Putin, ele não tem a unanimidade em Teerã, onde certos setores influentes denunciam a antiga tentação "imperialista" russa, conforme lembra Clément Therme.

Muito além da aproximação entre Teerã e Moscou no setor da energia (eletricidade, energia nuclear, petróleo), os dois países são de fato concorrentes. A situação geográfica do Irã faz dele um fornecedor chave da Europa e da Ásia. Ora, a Gazprom não tem qualquer interesse em ver o gás iraniano ser escoado rumo ao Velho Continente, principalmente através do gasoduto Nabucco, o que faria dele um rival perigoso. E sem o gás natural iraniano, este projeto de gasoduto - cuja construção é apoiada pela União Européia e os Estados Unidos - deixa de ser viável porque a Europa manobrou de maneira tão desastrada na Ásia Central que ela deixou a Rússia adquirir uma opção preferencial sobre uma parte do gás dos países situados a leste do mar Cáspio.

Associada com a companhia petroleira italiana Eni, a Gazprom defende o seu próprio gasoduto, o South Stream, que encaminhará o gás da Sibéria e da Ásia Central até o coração da Europa, o que aumentará a sua dependência. Além disso, Moscou apóia a construção do "gasoduto da paz" que deverá escoar o produto do Irã até a Índia (e possivelmente até a China) através do Paquistão. Mas este projeto é combatido vigorosamente por Washington, que enxerga nele um meio para a República islâmica de sair do seu isolamento econômico e diplomático.

(Por Jean-Michel Bezat, Le Monde / UOL, 16/05/2008)
Tradução: Jean-Yves de Neufville

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