Encarregado de monitorar o ritmo de desmatamento na Amazônia, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) avalia que haverá um aumento na devastação da floresta em 2008, depois de três anos consecutivos de queda na ação das motosserras.O número oficial será conhecido no segundo semestre e deverá superar os 11.200 km2 registrados entre agosto de 2006 e julho de 2007, prevê o diretor do instituto, Gilberto Câmara, com base na tendência registrada desde agosto. Ao divulgar o alerta de aumento do desmatamento, em janeiro, a ex-ministra Marina Silva anunciou a meta de conter a área devastada entre agosto de 2007 e julho de 2008 aos mesmos 11.200 km2 de floresta, equivalentes a sete vezes e meia a área da cidade de São Paulo.
A três meses do final do prazo de coleta de dados para o novo indicador oficial do desmatamento, o Inpe avalia que a meta dificilmente será atingida. A avaliação é feita com base nas indicações do Deter, sistema de detecção do desmatamento em tempo real. Por esse sistema, os dados são apurados mais rapidamente, mas são considerados menos precisos que o Prodes. Os registros feitos por satélite em abril serão divulgados até a semana que vem. Como em março, o volume de nuvens na Amazônia prejudicou as imagens.
Pesquisa nos dados do Inpe até março já mostravam dificuldade para o cumprimento da meta desta ano antes mesmo de a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) deixar o governo. A preocupação de ambientalistas é que o afastamento de Marina represente um relaxamento no plano de combate ao desmatamento.
Entre o início de agosto de 2007 e o final de março deste ano, o Deter registrou 4.732 km2 de desmatamento, uma área equivalente a três vezes a cidade de São Paulo. Entre agosto de 2006 e julho de 2007, foram registrados 4.974 km2 menos de florestas.
Quando faltavam quatro meses para o fechamento do período de aferição, a diferença entre os dois períodos era de apenas 242 km2, segundo dados do Deter. Com a indicação de áreas menores de desmatamento, é considerado provável que o Prodes meça o dobro da área detectada pelo Deter.
Marina Silva atribuiu a queda do desmatamento entre 2004 e 2007 à ação dos fiscais do Ibama e à criação de 24 milhões de hectares de áreas de conservação federais. Para a ex-ministra, 2008 representaria o "teste de fogo" para a política de combate ao desmatamento por causa, sobretudo, do aumento do preço de commodities como carne e soja.
(Folha Online,
Ambiente Brasil, 16/05/2008)