O príncipe Charles, herdeiro do trono britânico, disse nesta terça-feira que os habitantes da Amazônia precisam de um pacote de incentivos que os ajude a preservar a floresta.
Em entrevista a um programa de rádio da BBC, Charles disse que milhares de pessoas que moram na região da floresta amazônica "vivem com uma renda muito baixa".
"Há tanta gente vivendo na Amazônia com uma renda muito baixa. Elas precisam de maneiras para garantir que o esforço de não destruir as florestas valha a pena", disse o príncipe.
"Seria preciso criar algum tipo de pacote em forma de incentivos para que essas pessoas não degradem as florestas", afirmou o príncipe.
Para Charles, essa questão "é muito complexa" e ele não se vê numa posição de "poder sugerir o que tem de ser feito".
"Tudo o que posso fazer é levantar a questão para aqueles que, de fato, podem fazer alguma coisa", acrescentou ele.
Na avaliação do analista da BBC Jonathan Marcus, o príncipe vê seu papel como um conciliador "que une as pessoas e estimula o debate".
"No entanto, com a recente renúncia da ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, defensora da Amazônia, será difícil impulsionar esta agenda diante dos interesses políticos e econômicos locais, cujos horizontes só alcançam o curto prazo", disse o analista.
Aquecimento global
Durante a entrevista, o príncipe ainda defendeu que o fim do desmatamento é "a maior solução contra as mudanças climáticas."
Charles disse que as florestas representam "o sistema de ar-condicionado do planeta" e que "é louco" pensar que as florestas valem mais "mortas do que vivas" para muitas pessoas pobres que nelas vivem.
"Quando pensamos que elas (as florestas) liberam 20 bilhões de toneladas de vapor de água todos os dias, absorvem carbono em uma escala gigantesca e produzem a chuva da qual nós precisamos, vemos como elas são valiosas."
O herdeiro da rainha Elizabeth 2ª ainda pediu aos governos, grandes empresas e consumidores que se unam em um esforço conjunto para pôr um fim à devastação florestal.
"Não podemos esperar por novas tecnologias. Não há tempo para isso." O príncipe ainda disse que se o desmatamento não diminuir rapidamente, "haverá mais seca e fome em grande escala".
(Folha Online, 15/05/2008)