A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou ontem que o Brasil tem áreas agrícolas disponíveis ao plantio de cana-de-açúcar para produção de etanol. A alemã acrescentou que essa não é a situação de países vizinhos, citando a Argentina.
Merkel visitou a fábrica da montadora Volkswagen, em São Bernardo do Campo. "Sabemos que países vizinhos, a Argentina, por exemplo, talvez não tenham áreas agrícolas disponíveis. O Brasil, sim, dispõe de vastas áreas", discursou Merkel.
Ela também voltou a afirmar que a Alemanha não é contra a produção de biocombustíveis e que poderá adotar motores flex na frota de veículos. Mas repetiu que seu país não cumprirá o prazo estabelecido para que membros da União Européia adicionem uma quantidade maior de biocombustíveis aos combustíveis fósseis.
"Nós vamos ter um pequeno atraso quanto à adição de biocombustíveis aos fósseis. Isso tem motivo prático", afirmou. Na noite de anteontem, ela havia dito a empresários brasileiros e alemães que os carros na Alemanha ainda não estão adaptados.
Acordo entre países da União Européia estabelece que, até 2020, eles devem adotar 10% de biocombustível na gasolina.
A chanceler falou ainda sobre o trânsito de São Paulo e disse que "tecnologias ecológicas" são necessárias em grandes cidades. Anteontem, na visita que fez ao governador do Estado, José Serra, no Palácio das Bandeirantes, Merkel se atrasou mais de uma hora por conta do trânsito. "Só de pensar no trânsito desta cidade", declarou ontem, provocando o riso de alguns dos presentes.
A alemã afirmou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é, "por assim dizer, filho da Volkswagen", lembrando que Lula não trabalhou na montadora. "O presidente me contou que quando vinha à fábrica, a qualquer momento, sempre era recebido como um colega."
(Por Fernando Barros de Mello, Folha de São Paulo, 16/05/2008)