Ecoceanos e um dos sindicatos da multinacional norueguesa Mainstream denunciaram o mau comportamento das multinacionais de salmão nórdicas que atuam no Chile e exigiram que os Estados chileno e norueguês estabeleçam uma moratória para a expansão dessa indústria, enquanto essas empresas não elevarem suas preocupações ambientais, sanitárias e trabalhistas. Essas críticas foram apontadas no Tribunal Permanente dos Povos (TPP), uma significativa instância na qual sindicatos e organizações cidadãs acusam as multinacionais européias de mau comportamento nos países da América Latina e do Caribe.
Além da exigência de moratória a essa indústria, os sindicatos de salmão e o Centro Ecoceanos solicitaram que essas empresas cumpram as diretrizes para multinacionais da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos, e apliquem, de forma urgente, a mesma legislação trabalhista norueguesa no Chile, em relação à Higiene e Segurança, normativa de uso, liberdade e promoção sindical e proteção dos direitos das mulheres e trabalhadoras grávidas.
O TPP é uma instância internacional integrada por destacados dirigentes, acadêmicos, e líderes da sociedade civil mundial, que informaram de suas decisões aos governos e empresas acusadas. "Hoje viemos acusar, neste Tribunal, à multinacional Mainstream, da holding Cermaq, da qual o estado norueguês é proprietário de 43,5% de suas ações", disse Williams Rebolledo do sindicato dessa empresa de Calbuco, ao sul de Puerto Montt.
Acrescentou que "essa empresa viola os direitos sindicais básicos consagrados pelos organismos internacionais como a OIT e a OCDE, mas o tema central é a discriminação de gênero contra a mulher e mãe trabalhadora e, ainda, a violação de liberdade sindical e de associação". "Denunciamos que o convênio 103 da OIT sobre a proteção da maternidade não é cumprido e o convênio 100, desse mesmo organismo, sobre igualdade de remuneração, referente a igual trabalho igual salário, tampouco é cumprido", disse Rebolledo.
No entanto, Patricio Igor, do Centro Ecoceanos, disse que lhe estão exigindo à multinacional Marine Harvest, que suspenda sua expansão geográfica "até que entregue toda a informação sobre as quantidades, tipos, e formas de uso de antibióticos e outros químicos". Exigimos que "essa empresa aplique em todo seus processos produtivos as recomendações da OCDE e que em forma imediata use a Lei Trabalhista norueguesa nos aspectos de Higiene e Segurança, normas de investigação, direitos da mulher e liberdade sindical".
(Ecoceanos News, Adital, 15/05/2008)