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terremotos ciclones
2008-05-16

Em casos de desastres naturais, como o terremoto que assolou a China, ou o ciclone Nargis que passou por Mianmar, o risco de epidemias vem principalmente pela água. Com redes de abastecimento e esgoto danificadas, a população fica exposta às doenças de transmissão hídrica, como cólera, febre tifóide e hepatite.

Em casos em que há inundações, como em Mianmar, o risco da disseminação de leptospirose, transmitida pela urina contaminada de ratos, também é grande. O acúmulo de água é preocupante também por favorecer o desenvolvimento de mosquitos transmissores de doenças, como a dengue.

"Esse quadro em geral é mais sério em países de clima temperado ou tropical, com o aparecimento de doenças de transmissão hídrica. A primeira medida que tem de ser tomada com emergência é criar sistemas simplificados de abastecimento e esgoto", afirma Eliseu Alves Waldman, professor do departamento de epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo).

Entretanto, mesmo em casos em que não há acúmulo de água, as autoridades devem ficar atentas para a possibilidade de contaminação nos reservatórios, tanto por vírus quanto por bactérias. Para evitar doenças, os especialistas indicam que a população ferva a água ou adicione hipoclorito de sódio.

Higiene
Nesta quinta-feira (15), médicos que estão no norte da província de Sichuan, a zona mais atingida pelo terremoto, advertiram que aumenta o risco de epidemias entre os sobreviventes à medida que passam os dias. Em localidades como Dujiangyan e Juxuan, os médicos distribuem entre os moradores panfletos com recomendações para evitar o surgimento de doenças, entre elas melhorar as práticas de higiene. A falta de água e a escassez de alimentos, no entanto, dificultam a prevenção.

A infra-estrutura dos locais que recebem as populações afetadas por esses fenômenos, depois que elas são retiradas de suas casas, também influencia no aparecimento de epidemias. As aglomerações nos alojamentos podem favorecer a ocorrência de doenças respiratórias, como gripe e tuberculose, ou sarampo.

Como é muito difícil prever a ocorrência desses desastres, os países têm de estar preparados para remediar a situação com rapidez, impedindo que as doenças se alastrem. Para doenças que podem ser evitadas por vacinas, é recomendável que a população seja submetida ao procedimento.

"É preciso colocar essas populações em situação de segurança, saneamento e alimentação adequada e avaliar quem ficou em situações de risco. Tem de ficar atento e, nos primeiros sintomas, tratar as pessoas para que os casos não fiquem graves", afirma Maria Amélia Veras, professora do departamento de medicina social da Santa Casa de São Paulo. De acordo com Veras, não há um tempo médio para o aparecimento de epidemias, após a ocorrência desses desastres. Isso varia de acordo com o período de incubação --tempo entre a infecção e o aparecimento dos sintomas-- de cada agente causador.

Mente
Ulisses Confalonieri, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz em Belo Horizonte, destaca que o fator psicológico também influencia no aparecimento de epidemias nesses casos. Sob estresse, a população fica mais suscetível ao aparecimento de doenças. "A perda do patrimônio gera um impacto importante sobre a saúde, podendo gerar distúrbios emocionais, psicossomáticos. Os outros problemas [as infecções] podem ser controladas com tecnologia muitas vezes baratas. Os efeitos psicológicos se prolongam por mais tempo", afirma.
(Por FELIPE MAIA, Folha Online, 15/05/2008)

 


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