O presidente do Equador, Rafael Correa, apresentou na França um projeto para não explorar campos petrolíferos na Amazônia equatoriana, em troca de uma compensação anual de US$ 350 milhões por parte dos países ricos. A Petrobras tem interesses na região.
O plano envolve a emissão de um bônus que seria comprado pelos países ricos. Caso o Equador resolvesse explorar o petróleo, esses bônus poderiam ser resgatados.
Correa disse que a comunidade internacional tem de ser "co-responsável" e compensar no mínimo a metade da receita que o país teria se explorasse esses campos. Estima-se que eles tenham reserva de quase 1 bilhão de barris.
"Para evitar queimarmos combustíveis fósseis, que afetam o clima mundial, e para preservarmos essa área de tanta diversidade, estamos dispostos a renunciar a boa parte do dinheiro e dos recursos financeiros tão necessários para o desenvolvimento de nosso país", disse Correa. "Essa é uma ruptura com a política energética e com a lógica econômica tradicionais."
Justificando o sistema de compensação pela não-exploração na Amazônia do país, o equatoriano disse que "os países desenvolvidos já depredaram seu meio ambiente e gozam de altíssimos níveis de vida. Nós, entretanto, temos enormes problemas para resolver".
A Petrobras tem planos de investir US$ 500 milhões nos campos do complexo Ishpingo-Tambococha-Tiputini (ITT) até 2009 , em conjunto com a estatal chilena Enap e a chinesa Sinopec. Mas esses investimentos estão indefinidos por causa da falta de licença ambiental e por causa da oposição que de indígenas à exploração em área de proteção natural.
A Petrobras responde a acusações feitas pelo Ministério Público equatoriano de que teria cedido sem permissão uma área de exploração, o que contraria a lei do país e poderia tirar a empresa do país.
Com 982 mil hectares, o ITT fica no Parque Nacional Yasuní, criado em 1979 para proteger a biodiversidade. Em 1989, a Unesco o declarou reserva da biosfera.
(Valor Econômico
, Amazonia.org.br, 15/05/2008)