A necessidade de os problemas das cidades serem pensados a longo prazo e continuamente foi enfatizada por Orlando Strambi, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), mestre e doutor em Engenharia dos Transportes. Strambi foi o primeiro palestrante do Painel Mobilidade Urbana do fórum Porto Alegre, Uma Visão de Futuro, promovido pela Câmara Municipal e realizado na manhã desta quarta-feira (14/05) no Teatro do Prédio 40 da PUCRS.
Ao tratar do tema Planejamento e Mobilidade Sustentável, Strambi destacou a importância de as soluções para as cidades serem estudadas sem preconceitos. “Não dá para descartar nenhuma idéia pelo lugar ou pelas pessoas que a conceberam”, disse. Segundo o professor, é preciso também que as estratégias sejam elaboradas permanentemente. “Agir somente sobre os problemas visíveis é muito tarde”, salientou.
Strambi lembrou que as dificuldades de mobilidade e de acessibilidade são um dos principais problemas urbanos. Nesse contexto, há políticas de transportes estruturadas em três grandes eixos. O primeiro baseia-se na restrição à circulação do automóvel, que, segundo ele, não deve ser proibido, mas ter reduzido seu uso excessivo. Entre as medidas nessa área, estariam o controle de velocidade, a redivisão de espaços viários e os rodízios, além dos pedágios urbanos, bem sucedidos em Londres e Estocolmo. “Os pedágios são polêmicos, mas acabaram bem aceitos”, disse. “Acho que Porto Alegre ainda não precisa de pedágio urbano, mas não dá para descartar a idéia.”
O segundo eixo das políticas de transporte atuais citadas por Strambi passa pela melhoria dos transportes públicos. Entre as medidas, estão a implantação de ônibus de alta capacidade e desempenho, metrôs e ferrovias. No terceiro eixo, o professor destacou como fundamental o estímulo aos pedestres e ao uso de transportes não motorizados, como as bicicletas, o que a aumentaria a qualidade de vida das populações, a curto prazo. "Uma solução de longo prazo seria a construção de cidades com dependência reduzida do automóvel”, sugeriu.
(Por Claudete Barcellos, Ascom CMPA, 14/05/2008)