Brasília - A Alemanha está preocupada com a expansão da produção de soja na Amazônia e o conseqüente desmatamento da região. O temor foi manifestado hoje (14) pela chanceler alemã, Angela Merkel. "Temos estatísticas que nos deixam preocupados com relação o desmatamento. Há uma substituição de floresta por plantação de soja", disse a chefe de governo alemã em entrevista coletiva, após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Um dos acordos assinados pelos dois países durante a visita foi justamente para cooperação financeira para preservação da Amazônia. A Alemanha anunciou um financiamento de 40 milhões de euros, no Brasil, para um projeto de cooperação na área de combate à Aids e três iniciativas na região amazônica: manejo florestal sustentável, Fundo para Áreas Protegidas e Projeto Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) 2.
Perguntado pela imprensa alemã se o Brasil está disposto a discutir internacionalmente a preservação da Amazônia, Lula se disse aberto ao debate, mas deixou claro que não abrirá mão da soberania do país: "A Amazônia é de fato e de direito de inteira responsabilidade da soberania nacional". O presidente defendeu projetos voltados à sustentabilidade da região e à melhoria das condições de vida da população local.
"Poderemos repartir os benefícios que a floresta pode oferecer tendo como contrapartida políticas que incentivem um programa como o que lançamos, de desenvolvimento sustentável para a Amazônia, cuidando corretamente do manejo da floresta mas criando as condições para que o povo da Amazônia seja tratado como cidadãos de primeira categoria", afirmou.
Em seu discurso, um pouco antes, Lula garantiu que o Brasil está fazendo a lição de casa. "A preservação da Amazônia é uma legítima preocupação da comunidade internacional. Posso assegurar-lhe, no entanto, que a ninguém essa questão é mais cara do que a nós, brasileiros, e especialmente àqueles 25 milhões que vivem e trabalham na Amazônia", falou dirigindo-se à Angela Merkel, que foi ministra de Meio Ambiente da Alemanha na década passada.
Lula também citou números. De acordo com o presidente, entre 2004 e 2007, o Brasil criou quase metade do total das áreas protegidas do mundo e reduziu o desmatamento em 59%. "Não basta aumentar a fiscalização e reprimir os crimes ambientais", ressaltou o presidente.
(Por Mylena Fiori, Agência Brasil, 14/05/2008