Especialista descarta metrô e sugere expansão dos coletivos para que automóveis fiquem na garagem
Pensar meios de fazer o motorista deixar o carro em casa e usar o transporte coletivo. A solução foi defendida ontem (14), em Porto Alegre, pelo secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal e ex-prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi, um dos palestrantes do fórum Porto Alegre, uma Visão de Futuro, realizado na PUCRS. Para ele, a alternativa não passa pela construção de linhas de metrô – avaliadas como caras e desnecessárias –, mas pela expansão e por melhorias das linhas de ônibus.
Taniguchi ressaltou ainda que investimentos no transporte coletivo terrestre são fundamentais para torná-lo atrativo e para que a implantação aconteça com rapidez. 'Enquanto a construção de uma linha de metrô leva seis anos, o tempo para ônibus é de dois anos e sem grandes subsídios', observou. O secretário avaliou, no entanto, que as políticas públicas estão na contramão disso. Como exemplo, ele citou o aumento do preço do diesel e os valores acessíveis para a gasolina, o que estimula os motoristas a trafegarem de carro.
O ex-prefeito salientou também que os investimentos deveriam incluir vias exclusivas, sinalização e melhorias nas estações de embarque e desembarque. 'Tendo um transporte de qualidade, as pessoas o utilizarão. Se isso não se tornar uma prioridade, as cidades viverão um caos completo', projetou.
Taniguchi acrescentou que as cidades deveriam possibilitar um maior conforto para os seus pedestres, fazendo investimentos em ciclovias como um meio de transporte alternativo.
Conforme avaliou o vice-chefe do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Orlando Strambi, as ações na área da política de transporte estão baseadas em todo o mundo em três eixos: tentativa de restringir o uso do automóvel, melhoria do transporte público e investimento nos transportes não motorizados. 'É preciso pensar diferente. Não dá para imaginarmos que iremos controlar o que está acontecendo. É preciso uma transformação', afirmou. No Brasil, a tentativa de restrição ao uso do automóvel por meio de rodízio mostra-se um sistema esgotado, na avaliação do professor.
(Correio do Povo, 15/05/2008)