Nem de longe a prefeitura de Porto Alegre pensa em criar restrições para a circulação de carros. “Isto aqui não é São Paulo”, disse ao editor o secretário Clóvis Magalhães. Porto Alegre possui 600 mil carros e São Paulo tem uma frota de 6 milhões de carros. O problema paulistano é de deseconomia de escala. Isto já existe há pelo menos 20 anos. Na época, o economista Roberto Pires Pacheco, então presidente do Iepe da Ufrgs já analisava o fenômeno.
No Brasil, o congestionamento de automóveis reduz a produtividade do trabalhador em 5%. de acordo com cálculos do Citigroup feitos por ocasião de um estudo intitulado "Longe do Caminho Batido", em inglês “Off the beaten path”. Esta página teve acesso ao texto integral. O motivo é que o tempo médio gasto diariamente no trânsito pelo brasileiro é de 2,6 horas. Em países desenvolvidos, esse tempo é de uma hora.
O trânsito ruim afeta 20,5% da população do País. Apenas como comparação: o caos no trânsito causa perda de produtividade de 3,6% na Argentina e de 5,1% no México.
Porto Alegre ainda dispõe de muitas alternativas para melhorar o tráfego. Uma delas é retirar as 8 mil carroças que atravancam as ruas. A Câmara acaba de aprovar uma lei que prevê isto ao longo dos próximos oito anos.
O secretário gaúcho do Planejamento, José Fortunatti, quer mais pressa. Ele acha que chegou a hora da prefeitura investir pesado num triciclo motorizado, o Baby, que ele mesmo apresentou quando foi vice-prefeito do PT, ampliando também os centros de reciclagem e de comercialização de lixo. É o que é.
Os congestionamentos em Porto Alegre são pontuais, ocorrem apenas em horário de pico e não são tormentos incontornáveis como os de São Paulo.
Mas dá para melhorar. O caso das carroças é um exemplo. Melhorar o sistema e dar aproveitamento mais amplo aos corredores de ônibus, mas, sobretudo, o programa de portais, são de longe soluções pontuais e estruturais muito eficazes.
(Políbio Braga, 14/05/2008)