O ex-governador Jorge Viana (PT-AC) recusou o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o Ministério do Meio Ambiente por considerar que seria uma espécie de "traição" substituir a ex-ministra Marina Silva, que integra o seu grupo político no governo. Oficialmente, porém, Viana alegou ao presidente motivos "pessoais" para não aceitar o seu chamado, uma vez que pretende disputar uma cadeira no Senado Federal nas eleições de 2010.
"Vários fatores o levaram a não aceitar, foi uma decisão pessoal que contou com a compreensão do presidente Lula. Somos do mesmo ambiente da ministra Marina, seria um desconforto estar no seu lugar", afirmou o senador Tião Viana (PT-AC), que é irmão do ex-governador.
Segundo o senador, Viana não está disposto a "romper com tudo na sua vida pessoal para voltar depois de um ano para uma eventual candidatura em 2010".
O senador negou, no entanto, que a recusa do ex-governador tenha relação com o fato de ele também priorizar políticas ambientalistas em detrimento das chamadas "desenvolvimentistas" --que incluem a execução de obras em todo o país para a promoção de seu crescimento econômico. Mas defendeu que o impasse seja superado dentro do governo.
"Nós temos fortíssima pressão da sociedade de expansão das atividades econômicas que têm que ter um contrapeso, que é exatamente a área de meio ambiente. É preciso trabalhar esse paradoxo entre a expansão econômica e o freio da política ambiental de maneira ponderada e forte", afirmou.
Na opinião de Viana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "tem procurado resolver essa equação" do ambientalismo versus desenvolvimentismo. "A ministra Marina sai compreendendo o apoio e as dificuldades que o governo teve em conduzir uma área tão delicada", garantiu o senador.
Novo ministro
Apesar de elogiar a escolha do secretário de Meio Ambiente do Rio, Carlos Minc, para substituir Marina no ministério, o senador disse que um nome vinculado à Amazônia "falaria com mais identidade". "Mas acho que o ministro Minc estará à altura desse desafio e fará a aliança para um ato de defesa do meio ambiente em termos de política nacional", disse.
Viana afirmou que o secretário é um nome "respeitável, vinculado às políticas de meio ambiente", por isso terá condições de substituir Marina no cargo. "Ele sempre esteve vinculado à política ambiental, que hoje é universal. O governo precisa de alguém com credibilidade que possa garantir a qualidade das obras de maneira que estejam aliadas à responsabilidade ambiental. Ele dará continuidade à ministra Marina", encerrou Viana.
(Por Gabriela Guerreiro, Folha Online, 14/05/2008)