Cerca de 150 moradores do Bairro Vila Assunção lotaram o salão paroquial da Igreja Nossa Senhora da Assunção, durante audiência pública promovida pela Câmara Municipal nesta terça-feira (13/05) à noite, para discutir possíveis mudanças no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental (PDDUA) de Porto Alegre e melhorias para aquela região.
Entre as principais reivindicações apresentadas pelos moradores estavam a manutenção da horizontalidade das edificações no bairro, a preservação da orla do Lago Guaíba e a implementação de uma linha de táxi-lotação Tristeza-Assunção. A presidente do Clube de Mães da Vila Assunção, entidade que solicitou a audiência pública, salientou a necessidade de melhorias estruturais no bairro, tais como recapeamento da Avenida Pereira Passos e outras vias e maior cuidado com as praças. "Em contato com os vereadores, decidimos realizar a audiência em função do grande número de solicitações dos moradores."
O morador Antônio Pires, aplaudido pelos presentes, defendeu a preservação do conceito que deu origem a Vila Assunção e que previa a horizontalidade das edificações. "O bairro está sendo descaracterizado pelas proliferação de construções verticais, fora dos padrões originais, e de prédios comerciais", criticou. A exemplo de Pires, os moradores presentes à audiência defenderam que a Vila Assunção se mantenha dentro dos parâmetros de cidade-jardim: baixa densidade, uso residencial predominantemente familiar e elementos naturais integrados às edificações, com preservação da orla do Guaíba e valorização da sua paisagem. A arquiteta Fernanda Schaan, moradora do bairro, adiantou que um projeto de revitalização da orla está sendo elaborado pela Faculdade de Arquitetura da UFRGS, cuja conclusão está prevista para julho e deverá ser entregue à prefeitura.
Orla
Para Carmem Passos Assumpção, moradora e bisneta do proprietário do Loteamento que deu origem ao bairro, a segurança está entre as principais preocupações, devido aos constantes assaltos á mão armada e arrombamentos na região. Ela também destacou a necessidade de recuperação da orla do Guaíba para que a comunidade possa usufruir do Lago. "É preciso resgatar o lado bom do bairro, que tem características diferentes e típicas de cidade do interior, com muita área verde. O crescimento dessa zona trouxe problemas a serem resolvidos." Sandra Ribeiro, da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), criticou a privatização do espaço público. "Queremos a orla livre, para que a população de Porto Alegre possa desfrutar dele."
José Augusto Roth, do comitê gestor do Clube de Mães, disse que a insegurança, os problemas viários e de falta de pavimentação e iluminação e a necessidade de melhoria nos serviços de poda de árvores de limpeza pública estão entre as prioridades. Segundo ele, é urgente a construção de um calçadão entre a sede do Corpo de Bombeiros na Zona Sul e o início da Avenida Copacabana, para que a população possa circular livremente. Roth entende que a reavaliação do PDDUA, implantado no ano 2000, precisa dar alternativas para a desorganização crescente da Capital. "A orla está abandonada, e há constante congestionamento do trânsito na Avenida Diário de Notícias."
O presidente da Câmara Municipal, vereador Sebastião Melo (PMDB), ressaltou que a Mesa Diretora tem o compromisso de levar o Legislativo a diversos pontos da Cidade. "Fizemos quatro audiências este ano e já temos outros agendadas", disse Melo, acrescentando que a Câmara quer descentralizar as ações. O presidente explicou que as reivindicações da comunidade serão sistematizadas pela Câmara e, depois, enviadas ao Executivo. Também estavam presentes e se manifestaram os vereadores Ervino Besson (PDT), Professor Garcia (PMDB), Adeli Sell (PT), Carlos Comassetto (PT), Mauricio Dziedricki (PTB), José Ismael Heinen (Dem), Neuza Canabarro (PDT) e Claudio Sebenelo (PSDB).
(Por Carlos Scomazzon, Ascom CMPA, 14/05/2008)