O impacto negativo do glifosato no meio ambiente colombiano afeta o país há anos. Mas, agora, há mais uma prova para certificá-lo. O Grupo de Pesquisa em Toxicologia Aquática e Ambiental, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Nacional da Colômbia, realizou um estudo em quatro espécies de peixes e constatou alta taxa de contaminação.
Os pesquisadores utilizaram peixes yamú, tilápia, bocachico e cachama blanca. Durante 96 horas, os peixes foram expostos a concentrações baixas, agudas e crônicas do herbicida glifosato em sua forma comercial, Roundup. O bocachico e o yamú registraram altas taxas de mortalidades. A tilápia foi a espécie mais resistente, pois só morreu quando esteve em contato com as concentrações mais altas.
De acordo com os pesquisadores, durante o teste, a tilápia, o bocachico e o yamú apresentaram sinais nervosos e dificuldade respiratória; enquanto a cachama blanca apresentou danos severos nas brânquias e no fígado. Os resultados são preocupantes, ainda mais porque os experimentos foram feitos "com um glifosato cujos surfatantes (químicos que lhes permitem aderir-se e atuar sobre o mal) são menos tóxicos que os utilizados para fumigar os cultivos de uso ilícito", disseram os especialistas.
Essas fumigações com glifosato na Colômbia começaram com a desculpa de erradicar os cultivos de uso ilícito do país, mas os mais afetados são a população camponesa e rural, as plantas, os cultivos de subsistência, a vida silvestre, o gado e os recursos hídricos. A alta toxicidade dos químicos afeta a saúde do povo e a produção da terra, os animais e as plantas estão morrendo. A terra está perdendo sua fertilidade. Além disso, as fumigações aumentaram o desalojamento forçado de camponeses, afrodescendentes e indígenas e agravaram a perda da produção agrícola e a pobreza nas zonas rurais.
(Adital, 14/05/2008)