A fama do bicho-preguiça de ser uma criatura que dorme durante a maior parte do dia está sendo contestada por cientistas. Em vez de dormir por mais de 16 horas por dia, como se observa nas espécies mantidas em cativeiro, as preguiças que vivem na natureza descansam menos de 10 horas, de acordo com novos dados.
Cientistas do Instituto Max Planck de Ornitologia em Starnberg, na Alemanha, conduziram um estudo com preguiças do Panamá. Eles capturaram os animais e colocaram aparelhos que monitoram a duração do sono. Depois, os bichos-preguiça foram soltos na natureza. A pesquisa foi publicada na revista científica Biology Letters, da entidade independente britânica Royal Society.
'Intuitivo'
"A grande descoberta foi que ele dorme em média 9,6 horas por dia, que é muito menos do que as pessoas comumente acreditavam e menos do que se observou em outros estudos com preguiças em cativeiro", disse à BBC o pesquisador Niels Rattenborg, que liderou o estudo. "Então, eles ainda podem ser considerados 'preguiça' em termos de velocidade de movimento, mas em termos de sono eles parecem dormir um turno normal."
A quantidade de sono varia bastante entre os animais. As cobras do tipo píton chegam a dormir 18 horas por dia. Já as girafas precisam apenas de duas horas diárias de sono. O aparelho desenvolvido pelo Instituto Max Planck monitora os padrões cerebrais dos animais associados com o sono.
Segundo o cientista Neil Stanley, que é especialista em distúrbios de sono no britânico Norwich University Hospital, o resultado da pesquisa do instituto alemão mostra que os animais tendem a dormir muito mais em cativeiro, já que quase todas as suas necessidades são supridas. "É intuitivo que os animais dormiriam menos na natureza selvagem do que no cativeiro - essa tecnologia nos dá a oportunidade de provar que isso é verdade", disse ele.
(Estadão Online, Ambiente Brasil, 15/05/2008)