O plantio de pínus e eucalipto no Rio Grande do Sul ganhou mais um incentivo do governo estadual. Na terça-feira (13/05), foi assinado termo de cooperação técnica entre a Secretaria Extraordinária de Irrigação e Usos Múltiplos da Água do Rio Grande do Sul e as empresas papeleiras Aracruz Celulose e Stora Enso e a Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor).
A parceria foi firmada por meio do Programa de Parcerias pelo Desenvolvimento de Sistemas Agrossilvipastoris Irrigados (Propar). De acordo com o secretário Extraordinário de Irrigação, Rogério Ortiz Porto, o programa consiste em dar suporte técnico aos agricultores para utilizarem a irrigação nas lavouras e nas pastagens.
O primeiro setor a ser beneficiado foi o da silvicultura na Metade Sul, região que vem sendo afetada pelas estiagens. “A intenção manifestada tanto pela Stora Enso, como pela Aracruz e pela Ageflor é de criar um sistema de produção que envolva o setor agrícola, a pecuária e a floresta, a parte florestal de silvicultura. Então, nós, entrando em contato com eles, fizemos ver, que na Metade Sul, se você não entrar com irrigação, tanto as pastagens, como a agricultura e mesmo a silvicultura ficam prejudicadas devido às estiagens prolongadas”, afirma.
Pela parceria, a empresa Aracruz Celulose vai oferecer as unidades demonstrativas, onde serão realizados os cursos para capacitar os trabalhadores rurais quanto à irrigação. O governo vai oferecer a pesquisa, o suporte e a assistência técnica, através de técnicos do Centro Federal de Educação Tecnológica de São Vicente do Sul (Cefet-SVS), Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Fepagro e Emater.
Questionado sobre as críticas que ambientalistas e organizações sociais têm em relação à monocultura do pínus e do eucalipto, o secretário afirma que não vê conseqüências negativas no cultivo.
“Quando você se tem qualquer cultura, qualquer tipo de vegetação, que retenha água você aumenta a evacuo transpiração e, conseqüentemente, tu realimenta o ciclo hidrológico. Então é extremamente importante que tu tenhas uma forma que retenha a água excedente no inverno. Quando se chega no verão, como você aumentou a aumentou a taxa de infiltração no solo a umidade do solo é maior do que seria se tu tivesse apenas cobertura de gramíneas”, diz.
O coordenador estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Áurio Scherer, critica o incentivo governamental à produção de pínus e eucalipto, culturas que utilizam bastante água, justamente em um período em que o Estado enfrenta as estiagens. Para ele, o governo deveria utilizar sua estrutura e órgãos, como a Emater, na construção de cisternas e outros sistemas de reservas de água para que o agricultor tenha condições de plantar.
“Lamentavelmente esse governo com o desmonte que proporcionou no ano passado, demitindo mais de 400 pessoas, que tinham conhecimento fantástico e estavam no auge da sua produção intelectual. A Emater hoje está capenga e nós precisamos imediatamente que o governo, e o MPA está defendendo isso na sua pauta, para que abra um concurso para repor esses técnicos. A política da Emater precisa estar voltada à pequena propriedade e não às grandes empresas multinacionais”, declara.
(Por Paula Cassandra, Agencia Chasque, 14/05/2008)