Ministra do Meio Ambiente, que se demitiu ontem, é vista como a responsável pelos prejuízos causados à economia da região nos últimos anosO pedido de demissão da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, feito ontem de manhã ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, repercutiu em todos os setores produtivos do país, principalmente em Mato Grosso, com especial atenção na região Norte, a mais afetada pelas ações de combate ao desmatamento desenvolvidas pelo Ministério.
Representantes dos setores produtivos do Estado manifestaram sua opinião e sugerem o perfil do sucessor de Marina. Em Sinop, a opinião sobre o tempo em que à ministra foi gestora da pasta é unânime entre os representantes do setor madeireiro e agropecuário. Em suma, o presidente do Sindicato Rural, Antônio Galvan, e do Sindicato das Indústrias Madeireiras (Sindusmad), José Eduardo Pinto, afirmam que foi um período de prejuízos para os setores e todo o país de forma geral.
Para Galvan, o pedido de demissão significa que prevaleceu a "verdade e a necessidade contra a mentira e a hipocrisia". "Prevaleceu sobre a necessidade que o país tem de se desenvolver, pois com a gestão dela qualquer coisa que visava esse desenvolvimento barrava no Ministério. Ele ainda diz que a ministra foi desumana com os norte mato-grossenses. "Parece que o ser humano não tinha importância para ela. Nós, trabalhadores, fomos tratados como animais, pois nada podíamos fazer para melhorar nossas próprias condições de vida. Ela nunca foi patriota, sempre trabalhou contra o país, a impressão que tenho é que havia uma conspiração contra o Brasil com o apoio dela".
Eduardo Pinto diz que está preocupado com a próxima pessoa a assumir o cargo, caso a ministra o deixe realmente. "O pedido de demissão não muda muito as coisas, o que vai mudar mesmo é quem será o próximo ministro. É então que vamos avaliar se as coisas vão caminhar para um lado mais favorável ao setor. Torcemos para que o próximo olhe para o lado da sustentabilidade, para os planos de manejo, que é o que precisamos para continuar trabalhando, é o que podem manter as nossas florestas em pé".
"Agora temos que recuperar a imagem que ela sujou. Sempre fomos (madeireiros) vistos como vilões do meio ambiente. Temos que mudar isso. Ela poderia ter olhado para o setor com olhos de sustentabilidade e não com olhos de repressão".
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, também espera que o próximo a ocupar o cargo seja alguém menos radical, como foi a ministra. "As medidas restritivas adotadas pelo ministério vêm causando imensos prejuízos para a classe produtora e para a população em geral que começa a conviver com uma crise global de alimentos".
DefesaJá o secretario executivo do Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento, André Alves, tem opinião contrária aos representantes do setor produtivo. Para ele, a demissão da ministra é o retrocesso do governo Federal para a política ambiental. "Ela vinha fazendo um trabalho interessante, mantendo um diálogo com todos os setores do meio ambiente. Ao invés de pregar o "não pode", ela sempre pregou o "como pode", ou seja, sempre deu alternativas de como fazer, de como usar nossas riquezas naturais sem exterminá-las, mostrando que é possível conciliar a produção com a preservação ambiental".
(Diário de Cuiabá,
Amazonia.org.br, 15/05/2008)