Natureza em Ação. Este é o título de um projeto que cinco comunidades quilombolas capixabas estão desenvolvendo para recuperar seus conhecimentos sobre plantas medicinais. Com recursos limitados, o grupo de 25 membros faz reuniões mensais. Juntos, os quilombolas produzem mudas, arranjam sementes e orientam sobre como fazer os remédios.
Luzinete Serafim Blandino, a Luzia (foto), faz parte do grupo, que atua nas comunidades de São Domingos, Roda D'água, Angelim I e II e Nova Vista, em Conceição da Barra. Relata que o grupo está se reunindo desde outubro do ano passado. Conta com apoio da Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), regional do Espírito Santo.
Luzia informou que o objetivo central do grupo é resgatar os conhecimentos dos quilombolas sobre tratamentos de doenças com as ervas. E que para isto pretendem criar um centro para produção e distribuição dos remédios fitoterápicos.
O grupo encontra grande dificuldade, pois com a plantação de eucaliptais e de canaviais na região praticamente nada sobrou das plantas usadas antigamente. Cada planta recuperada é usada em plantios, com o objetivo de produzir mudas para as outras comunidades.
Há troca de mudas e de sementes. E feita a difusão das antigas técnicas de produção de chás, emplastros e outras formas de aplicar os remédios. É desta forma, diz Luzia, que os membros do grupo já produzem remédios para febre, por exemplo. Os remédios são feitos com melão-de-são-caetano, alfavaca, folha de laranja, louro, entre outros.
Para tratar diarréia os quilombolas usam a marcela, macaé e losna. Infecções são tratadas com arnica, erva-santa, entre outras. Luzia relata que já foram resgatadas mais de 30 das ervas tradicionalmente usadas pelos quilombolas. O grupo também emprega o mel, a própolis e o alho, entre outros, para produzir seus remédios.
(Por Ubervalter Coimbra
, Século Diário, 13/05/2008)