Os primeiros ribeirinhos a receber o Bolsa Floresta, o programa de compensação do governo do Amazonas para preservação ambiental, dizem que ele representa uma pequena ajuda, mas que ainda estão esperando por mais recursos.
"Não é muito, mas é uma pequena ajuda", diz o líder de comunidade Edivaldo Correa, que mora em um dos 20 agrupamentos da reserva de Uatumã, ao norte de Manaus. Para ele, o que falta agora é que as novas fases do programa sejam liberadas.
O Bolsa Floresta foi lançado em setembro do ano passado e prevê ajuda direta às famílias que moram em reservas ambientais do Estado (R$ 50 por mês) e ajuda às comunidades. Em troca, a floresta tem que ser preservada.
"Nós estamos esperando que liberem o dinheiro para ajudar a comunidade", diz Correa. Na pequena vila em que mora, à beira do rio Uatumã, ao norte de Manaus, há casas de 14 famílias, uma escola e um galpão em que funciona a sede a associação de moradores da região.
Uma visita a esses dois prédios deixa claro que falta investimento público no local - a escola, por exemplo, tem apenas uma sala com carteiras gastas e paredes e janelas que deixam passar água da chuva.
Iniciativa - O programa do governo do Amazonas prevê, além do pagamento por família, uma verba de R$ 4 mil por comunidade para apoiar iniciativas que criem fontes de renda sustentáveis e uma verba de R$ 8 mil por comunidade para investir na infra-estrutura social.
Também está prevista uma verba de 10% do que é pago para as famílias para apoiar as associações locais. O dinheiro ainda não chegou na comunidade de Correa.
"Disseram que o dinheiro vai ser liberado, mas que precisamos que mais famílias se cadastrem", afirma o ribeirinho.
Uma das intenções do programa, segundo seus idealizadores, é que os beneficiados retirem documentos de identidade, algo raro em várias comunidades da região.
Virgílio Viana, ex-secretário do Meio Ambiente do governo do Amazonas que ajudou a desenhar o programa, diz que a intenção é "ajudar os beneficiados a se tornarem cidadãos".
Essa exigência, porém, afeta a velocidade do cadastramento. O ribeirinho Edsomar Soares e sua mulher Raine Mendes da Silva são um exemplo. "Eu ainda não me registrei por causa dos documentos", diz Raine. Como a mulher da casa, ela é a pessoa que deve retirar a ajuda.
Para os dois, R$ 50 é pouco, mas deve ajudar. "Sempre ajuda", diz Raine, diante dos quatro filhos e de uma casa feita de madeira e barro extremamente simples.
(Estadão Online,
Ambiente Brasil, 13/05/2008)