Indignados com o assassinato do trabalhador Valmir Mota de Oliveira, o Keno e com as agressões a dezenas de outros trabalhadores rurais da Via Campessina, por seguranças da empresa NF, contratada pela Syngenta, membros do Parlamento da cidade de Basel, na Suíça, enviaram pedidos de esclarecimentos à empresa.
Os parlamentares querem saber, quais serão as providências da Syngenta para reparar os danos sofridos pelas vítimas do ataque e quais medidas serão adotadas em relação à filial brasileira, para evitar que novos acontecimentos como este voltem a ocorrer.
Acionistas minoritários da transnacional também cobraram providências aos diretores da empresa, para uma solução pacífica do conflito, no Paraná, e para que a empresa respeite as leis no Brasil e assuma sua responsabilidade frente ao ocorrido. De acordo com Rudolf Meyer, acionista da empresa “as tentativas de explicação da Syngenta infelizmente não retiram sua responsabilidade sobre os acontecimentos porque a empresa de segurança era contratada pela Syngenta”. Os questionamentos foram feitos durante a Assembléia Geral dos acionistas da empresa, ocorrida em 22 de abril, em Basel. Na assembléia, foi lida uma carta enviada por organizações de Direitos Humanos brasileiras, como a Terra de Direitos.
Do lado de fora, cidadãos e organizações da Suíça fizeram manifestações contra a Syngenta. As organizações suíças também enviaram denuncias à Relatoria pelo Direito à Alimentação, da ONU. Durante reunião com a ONU, a assessora do Relator para o Direito a Alimentação afirmou que a falta de diálogo com a Syngenta fará com que a ONU, emita uma declaração pública, em maio, sobre o comportamento da empresa em relação aos acontecimentos em seu campo experimental e a falta de esclarecimentos por parte da multinacional, sobre o crime. Este tipo de declaração só é realizada em casos extremamente graves.
A Anistia Internacional também manifestou-se sobre o assunto, pedindo providências ao Governo do Estado do Paraná e solicitando que a Syngenta respeite o direitos humanos dos trabalhadores da Via Campesina. Mais de 200 cartas de organizações ligadas à Anistia Internacional foram enviadas ao Governo Estadual e à Syngenta.
As ações na Suíça foram acompanhadas pela advogada da Terra de Direitos, Gisele Cassano e pelo militante da Via Campesina, Jonas Queiroz, ferido no ataque da empresa de segurança NF, contra os trabalhadores acampados no campo experimental. Para Gisele Cassano, advogada da Terra de Direitos “ apesar de toda mobilização internacional, a Syngenta nega-se a dialogar com o Governo do Estado sobre uma solução pacífica para a questão. Os trabalhadores podem sofrer mais um despejo violento, pois a Syngenta não aceita a desapropriação da área. Isso comprova a truculência da empresa e a falta de compromisso com os direitos humanos”.
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La biodiversida, 13/05/2008)