O ex-governador Jorge Viana (PT-AC) é um dos cotados para assumir o Ministério do Meio Ambiente no lugar de Marina Silva, que encaminhou sua carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira. A Folha Online apurou que Viana é cogitado pelo Palácio do Planalto por ser um nome de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de ser considerado pelo governo como um político "experiente" na área ambiental, sem deixar de considerar importante a execução obras públicas.
O ex-governador já havia sido cotado para assumir a pasta em meio à reforma ministerial de 2006, mas Lula optou por manter Marina no cargo --diante da notoriedade alçada pela ministra, inclusive no âmbito internacional, no que diz respeito à defesa do meio ambiente.
Parlamentares da base aliada do governo se mostraram favoráveis à indicação de Viana para assumir o lugar de Marina, embora afirmem nos bastidores que Lula terá "dificuldades" para indicar um substituto "à sua altura". Os governistas admitem, porém, que Viana poderá administrar de forma mais "tranqüila" os embates no governo entre as políticas ambientais e desenvolvimentistas --que teriam sido a principal razão para Marina pedir demissão do cargo.
"O Jorge Viana é um nome de diálogo com o setor produtivo, é um nome de respeito. Se ocupar um cargo como esse, terá muitas responsabilidades. Mas se estabelecer um diálogo com os produtores e mantiver políticas no ministério, tudo bem. Quem entra ali não pode ser complacente com a destruição ambiental", disse o senador Renato Casagrande (PSB-ES).
Demissão
Parlamentares da base aliada evitaram especular sobre os motivos que fizeram Marina deixar o governo, mas reconhecem que a ministra estava "desgastada" após uma série de embates com outros ministros na defesa das políticas ambientais.
Uma das disputas que mais desgastou Marina, segundo aliados, foi com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) em torno das licenças ambientais para programas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Insatisfeita com o acúmulo de embates internos para evitar danos ao meio ambiente diante da quantidade de obras executadas pelo Poder Executivo, Marina teria optado por deixar o cargo, segundo interlocutores do governo. Nos bastidores, Marina acabou sendo taxada por outros ministros como "radical" na defesa do meio ambiente mesmo em projetos essenciais para a economia do país.
"Eu já sentia que ela vinha descontente com algumas ações do governo. Para mim, não foi surpresa. Seria deselegante antecipar suas razões, mas é uma possibilidade essa questão dos conflitos com a ala desenvolvimentista do governo que quer crescimento a qualquer custo", disse o senador Jefferson Peres (PDT-AM).
(Gabriela Guerreiro, Folha Online, 13/05/2008)