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marina silva Greenpeace
2008-05-14

A organização ambientalista Greenpeace classificou como um "desastre" o pedido de demissão da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, entregue nesta terça-feira (13) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para a organização, o fato mostra uma mudança de postura do governo em relação à questão ambiental.

"Nossa opinião é que isso [o pedido de demissão] é a prova cabal e derradeira das reais intenções do governo Lula em relação a essa questão. O meio ambiente, a questão da Amazônia, perdeu seu anjo da guarda, a única voz no governo que ainda defendia a prudência, o juízo, em relação às questões ambientais", afirma Sergio Leitão, diretor de políticas públicas do Greenpeace, à Folha Online.

Ele aponta como um exemplo disso o fato de Lula ter entregue a coordenação do comitê gestor do PAS (Plano Amazônia Sustentável) ao ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, que, na visão do Greenpeace, não tem tradição na luta pela defesa do ambiente.

Na visão do Greenpeace, o fato de Marina ter sido --ao lado de Antônio Palocci-- a primeira ministra confirmada por Lula, em 2002, era uma demonstração da importância que o governo queria dar às questões ambientais, o que acabou não ocorrendo. "É um compromisso que foi completamente esquecido", diz o diretor da organização.

Confronto

Marina também entrando em conflitos com outros ministérios, como a Casa Civil e a Agricultura, em casos e questões que opõem proteção ambiental a interesses econômicos.

Marina também enfrentou problemas com os servidores do Ibama, insatisfeitos com a divisão do órgão e com a criação do Instituto Chico Mendes. Para protestar contra a criação do órgão, os servidores do Ibama fizeram uma greve, que foi criticada publicamente pelo presidente Lula.

"Sabíamos da dificuldade que ela vinha enfrentando, remando contra a maré diariamente ao tentar mostrar que a questão ambiental não é uma pedra no sapato no caminho do desenvolvimento", afirma o diretor do Greenpeace.

Segundo Leitão, a saída de Marina é "a tradução do que o governo quer fazer com a área ambiental". "Independente de quem seja escolhido [para a sucessão], assumirá diante desse patamar de decisão, de que a questão ambiental deve ser afastada. É um sinal de que a questão ambiental não deve ser levada em consideração', afirma.

Especialistas

Para Pedro Roberto Jacob, professor titular da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (Procam-USP), Marina Silva "foi muito generosa em permanecer até agora".

"Pelo visto, chegou no limite dela. Ela foi quase que maltratada pelos próprios atores de governo." Jacob opina que "provavelmente seu sucessor não terá o carisma e história de militância que ela tem".

Segundo o especialista em recursos hídricos Sérgio Kóide, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UnB (Universidade de Brasília), "dependendo de quem a substitua, a questão [ambiental] vai piorar no país".

"Ela já vinha tentando segurar as coisas desde a aquela polêmica dos transgênicos. Sempre teve posições boas, mas sem força."

(Felipe Maia, Folha Online, 13/05/2008)


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