Mudanças climáticas deixam animais confusos, diz bióloga
Em uma atividade de rotina, dois monitores ambientais do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, encontraram no sábado (10) dois jovens exemplares de albatroz-de-sobrancelha-negra (Thalassarche melanophris). Espécie comum do hemisfério sul chega a alcançar quase três metros de envergadura, e está na lista de espécies ameaçadas de extinção na (categoria Em Perigo pela lista da International Union for Conservation of Nature - IUCN).
Nesta terça-feira, uma equipe do PNLP encaminhou os animais ao Museu Oceanógrafo de Rio Grande, onde receberão cuidados especiais, para posteriormente serem transportados para alto mar pela equipe de especialistas do museu.
A chefe do Parque, bióloga Maria Tereza Queiroz Melo acredita que as aves chegaram ao litoral trazidas pelo ciclone extra-tropical que atingiu a região sul do país no início do mês.
– Estas mudanças climáticas repentinas e intensas os deixam confusos, alterando as correntes quentes de ar que usam para alçar vôo – explica.
Segundo ela, albatrozes vivem em alto mar cerca de trinta anos, sem pousar em terra firme. Ela cita, entre outras cinco características biológicas que colocam estas aves em destaque nas medidas conservacionistas para a preservação da biodiversidade (existindo projetos específicos para tal): são monogâmicos, isto é, um casal para toda a vida; reproduzem pela primeira vez aos sete anos de idade (enquanto outras espécies começam a reproduzir no primeiro ano de vida ou antes); colocam somente um ovo por vez; vivem somente em alto mar alimentando-se de peixes e crustáceos, sendo, frequentemente capturados pelas redes de pesca dos barcos pesqueiros; e chegam a costa brasileira para buscar alimentos, quando não conseguem voltar chegam à praia sem condições de retorno devido à necessidade de fortes correntes de vento quente para alçar vôo.
(Ibama/RS, 13/05/2008)