Cerca de 20 empresas multinacionais são julgadas a partir desta terça-feira (13/05) pelos prejuízos que as suas atividades geram ao meio ambiente e aos trabalhadores. O encontro internacional do Tribunal Permanente dos Povos ocorre em Lima, na Capital do Peru, e conta principalmente com entidades e organizações não-governamentais européias e latino-americanas.
Em entrevista à Rádio Mundo Real, a integrante da ONG Amigos da Terra Europa, Christine Pohl, afirma que o objetivo do tribunal é de dar voz à sociedade civil, que vem sendo prejudicada pela atuação irresponsável de muitas multinacionais. “Temos vários casos de criminalização das forças de resistência, que estão utilizando a força para avançar com seus projetos de desenvolvimento. E também temos casos da Bayer no Peru, em que 24 crianças foram mortas em decorrência do uso de agrotóxicos”, afirma.
O Tribunal pretende mostrar os impactos das empresas européias, mas principalmente divulgar a rede que sustenta econômico e politicamente as empresas. A organizadora e ambientalista destaca os governos da União Européia e da América Latina pela falta de providências a serem tomadas em relação às empresas. Já os organismos internacionais como Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI) e Organização Mundial do Comércio (OMC) são responsabilizados por financiarem as multinacionais. As entidades também criticam a privatização de estatais.
Uma das denúncias brasileiras é contra as empresas farmacêuticas Roche e Boheringer. Integrantes da Rede Brasileira pela Integração dos Povos (REBRIP) alegam no Peru que as empresas manipulam dados e fazem lobby no Congresso e nos órgãos ligados à Saúde para manterem as patentes dos remédios. O principal prejudicado é o consumidor e o próprio governo, que precisam pagar caro pelos medicamentos.
Outra multinacional denunciada pelos brasileiros é a de sementes Syngenta que está envolvida no assassinato de um sem terra na cidade de Santa Tereza do Oeste, no Paraná. Ainda serão apresentados casos da agroquímica Bayer, dos bancos HSBC e Santander, da petrólífera Shell, das papeleiras Botnia e Ence e da empresa de alimentos e de material de limpeza Unilever.
(Por Raquel Casiraghi, Agencia Chasque, 13/05/2008)