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dengue
2008-05-14

Em uma recente visita ao Camboja, do lado de fora de um hospital infantil a um quarteirão do meu hotel, eu vi um grande aviso vermelho e branco que alertava sobre uma epidemia severa de dengue hemorrágica. Anos atrás, a doença matou o irmão de 5 anos de nosso guia de turismo. Meus colegas de viagem e eu conseguimos escapar até mesmo da forma mais branda da infecção viral transmitida por mosquito -nós todos dormimos em um hotel com ar condicionado e todo dia aplicávamos repelente com 30% de DEET em nossa pele exposta. Mas fiquei sabendo que podia ter sido infectada em várias viagens anteriores ao exterior e até mesmo em partes dos Estados Unidos.

A dengue está crescendo rapidamente nas áreas tropicais e subtropicais de todo o mundo nos últimos anos, graças a fatores tanto naturais quanto causados pelo homem. Entre os países que experimentaram epidemias recentes estão Camboja, Costa Rica, Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia e Vietnã. No Hemisfério Ocidental, surtos também ocorreram em algumas ilhas do Caribe, Cuba, norte do México, Nicarágua, Panamá, Porto Rico e Venezuela.

Neste ano, a dengue atacou o Rio de Janeiro, infectando mais de 75 mil pessoas no Estado brasileiro, incluindo Diego Hypólito, um ginasta campeão mundial e favorito à medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim deste ano. Mais de 80 pessoas no Rio morreram por causa da dengue.

Apesar da maioria dos norte-americanos que foram diagnosticados com dengue ter se infectado enquanto viajava para países onde a doença é endêmica, incluindo o México, ela também atingiu moradores do Havaí e Texas que nunca deixaram o território americano. E no ano passado uma doença transmitida por mosquito, a febre chikungunya, atingiu mais de 100 moradores de uma aldeia na Itália, Castiglione di Cervia. A doença não é contagiosa; ela é transmitida de uma pessoa para outra pela picada do mosquito portador do vírus.

Epidemiologistas dizem que o aquecimento global está permitindo que o mosquito tigre-asiático, Aedes albopictus, um vetor tanto da chikungunya quanto da dengue, sobreviva em áreas que antes eram frias para ele. Este mosquito agora prolifera no sul da Europa e até mesmo na França e na Suíça. Basta que um viajante infectado traga o vírus da dengue para casa, onde uma picada de um mosquito tigre-asiático local possa transmiti-lo para outros.

O principal vetor da dengue é o Aedes aegypti, um mosquito que pica durante o dia e que é particularmente ativo durante o amanhecer e o entardecer. (Diferente do mosquito Anopheles, que transmite a malária, ele não é ativo à noite.)

Apesar da dengue não ser uma ameaça tão grave quanto a malária, que aflige até 500 milhões de pessoas e mata 1 milhão a cada ano, ambas as doenças aumentaram desde que o DDT, o pesticida que controlava os mosquitos de forma mais eficaz e barata do que qualquer outro, passou a ser repudiado nos anos 60. A urbanização descontrolada e o crescimento populacional que a acompanhou, juntamente com sistemas de gestão de águas inadequados, também tiveram um papel na disseminação da dengue.

A dengue é causada por qualquer uma das quatro variantes de um flavivirus, DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Outros flavivirus causam a febre do Nilo Ocidental, febre amarela e a encefalite japonesa. Apesar da infecção por uma das variantes da dengue conferir imunidade por toda a vida a ela, a pessoa ainda pode ser infectada por qualquer uma das outras três.

A evidência indica fortemente que é a segunda infecção (apesar de não a terceira e a quarta) que pode levar à forma mais séria, a dengue hemorrágica, na qual há rompimento de vasos capilares. Se não tratada rapidamente, a forma hemorrágica pode resultar na perda de um volume fatal de sangue, choque e morte.

Não há vacina para dengue e dificilmente alguma surgirá tão cedo. Em 2003, a Fundação Bill e Melinda Gates dedicou US$ 55 milhões ao longo de seis anos para estimular o desenvolvimento de uma vacina para dengue e impedir sua proliferação global. Testes de vacinas estão em andamento em várias áreas tropicais, mas espera-se que a aprovação de uma vacina eficaz ainda demore cerca de uma década.

A picada de um mosquito infectado é seguida por um período de incubação de 3 a 14 dias, mais normalmente de 4 a 7 dias, antes de surgirem os sintomas. Muitas pessoas experimentam apenas sintomas brandos como de gripe, ou nenhum. Em outras, os sintomas característicos da dengue são ataques repentinos de febre alta, dor de cabeça severa na testa e dores excruciantes nas juntas e músculos.

A febre geralmente cede em três a cinco dias, mas em 1% dos pacientes a doença progride para a forma hemorrágica. Mesmo se a primeira infecção causar pouco ou nenhum sintoma, uma segunda infecção pode aumentar o risco da forma hemorrágica. Como nenhuma das drogas antivirais conhecidas é eficaz, o tratamento é sintomático. Paracetamol é dado para reduzir a febre e a dor. Mas drogas como a aspirina, incluindo o ibuprofeno, devem ser evitadas porque podem causar sangramento e piorar ainda mais as coisas. Assim como outras doenças virais, as crianças com dengue que tomam aspirina podem desenvolver síndrome de Reye.

Os pacientes devem descansar e tomar muito líquido. Na maioria dos casos, os sintomas passam em uma semana ou duas. A doença provavelmente progrediu para sua forma mais perigosa quando a febre é seguida por baixa temperatura do corpo, dor abdominal severa, vômitos prolongados e estados mentais como confusão, irritabilidade e letargia. Hospitalização imediata e tratamento com fluidos intravenosos são então essenciais. A recuperação ao estado normal pode levar meses.

Com base nos estudos das forças armadas e de grupos de ajuda humanitária, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) estima que o risco para aqueles que visitam uma área de dengue endêmica é de um doente para cada 1.000 viajantes. Isto provavelmente é uma estimativa exagerada para os viajantes comuns, já que a maioria deles permanece apenas poucos dias em hotéis com ar condicionado e em propriedades bem cuidadas.

Apesar de muitas viagens ao Brasil terem sido canceladas neste ano durante a epidemia no Rio, os viajantes não precisam evitar as áreas de dengue endêmica se estiverem dispostos a tomar as precauções para evitar picadas de mosquito.

Os CDC recomendam permanecer em áreas com telas ou ar condicionado sempre que possível (uma opção não realista para excursionistas e viajantes aventureiros como eu); vestir roupa que cubra todo o corpo, incluindo mangas longas e calças com punhos e bainhas fechadas; e cobrir a pele exposta com repelente de inseto contendo DEET em concentração de 20% ou 30%, aplicado três vezes ao dia. Apesar de nem eu e nem meus colegas de viagem termos tolerado roupa que cobrisse todo o corpo durante os dias úmidos e de mais de 30ºC do Camboja, nós todos nos cobríamos diariamente de repelente.

Em lugares bastante ensolarados o filtro solar deve ser aplicado primeiro, seguido pelo repelente. Também ajuda borrifar a roupa com repelente. Como o mosquito procria em pequenas quantidades de água limpa, eliminar água parada em lugares como vasos de flores e pneus velhos pode reduzir a exposição ao transmissor da dengue.

(Por Jane E. Brody, The New York Times, tradução de George El Khouri Andolfato, UOL, 13/05/2008)


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