Depois do estardalhaço feito pelo governo de Mato Grosso sobre os supostos erros na detecção de desmatamentos pelo sistema Deter, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) finalizou um relatório sobre as informações da secretaria de meio ambiente de Blairo Maggi. Segundo ela, 89,98% dos desmates simplesmente não tinham acontecido recentemente. Das 854 fotos feitas em campo nos 662 locais visitados pelos agentes estaduais, o Inpe concluiu que 313 delas eram repetidas, 78 estavam distantes dos locais de alerta de desmatamento, 65 foram classificadas como fotos não informativas e outras 45 também não se referem aos pontos indicados pelo Deter.
Desmatamento, sim
O Inpe considerou válidas apenas 353 imagens. Destas, 57,2% são de desmatamento por degradação progressiva e 39,4% imagens de corte raso da floresta. Apenas 1,4% não foram classificadas como desmatamento de floresta e 2% como desmatamento de áreas não florestais. Com isso, concluiu que houve sim desmatamentos em 96,4% dos casos analisados.
Descredenciado
O ministro extraordinário de assuntos estratégicos, Mangabeira Unger – que há poucos meses teve a brilhante idéia de transpor de águas amazônicas para acabar com a seca no Nordeste – resolveu agora pedir ajuda do governador de Mato Grosso para construir uma agenda positiva para a Amazônia. Blairo Maggi se disse disposto a colaborar, mas tirou o corpo fora. “A verdade é que temos uma parte pequena dentro da Amazônia Legal, e portanto, não vivemos o cotidiano daquela realidade”, informou, segundo sua secretaria de comunicação. Deve ter se esquecido que, originalmente, cerca de 50% do estado são classificados como bioma amazônico.
(O Eco, 08/05/2008)