Mesmo na terceira edição, o Ministério do Meio Ambiente ainda não conseguiu explicar direito para quê serve e qual o poder de influência da Conferência Nacional do Meio Ambiente nas políticas nacionais. Desse episódio, ao menos, tem-se alguns momentos pitorescos. Por exemplo, os delegados aprovaram uma deliberação pedindo a paralisação de todas as obras do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento na Amazônia, além de uma moção contra a Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto, no sudeste.
Sobre a Usina Nuclear de Angra 3, não precisou nem votação: por unanimidade, o projeto deveria voltar para a gaveta. A maioria dos conferencistas também se posicionou contrária às obras de transposição do rio São Francisco. Mas o coordenador da 3ª CNMA, Pedro Ivo Batista, deixou claro o que será colocado em prática: “Aquilo que não se choca com a estratégia geral do governo”. Ele admite que as propostas vão chegar tímidas ao ouvido de Lula. “No que o presidente já decidiu, não vai influenciar”, afirmou, citando as obras do Velho Chico.
O símbolo do absurdo, no entanto, vai para uma proposta oriunda do interior do Mato Grosso do Sul. Preocupado com a degradação provocada pelo pisoteio da boiada tupiniquim, alguém sugeriu que fosse estudado um sistema de pantufas para os rebanhos, evitando que a terra fique degradada. A proposta, no entanto, não chegou à plenária final da Conferência, que acabou pelas quatro da matina.
Uma senhora políticaDe acordo com Batista, a política de Lula contra o desmatamento amazônico “foi super referendada” durante o evento. E acrescentou que, embora o país esteja “fazendo mais que as metas cumpridas pelos países europeus”, os conferencistas decidiram que o Brasil deve planejar e divulgar seus objetivos climáticos. “Os brasileiros consideram importante, mas o governo foi contra a definição de metas”, revelou.
Outra pauta que conquistou os delegados foi a cada vez mais falada ferrovia na Amazônia. Como alternativa à construção de rodovias do PAC no meio da floresta, a Conferência deliberou por unanimidade que o governo deve “priorizar alternativas de transporte mais viáveis do ponto de vista ambiental, social e econômico, como as ferrovias”.
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O Eco, 12/05/2008)