A Operação Rastro Negro Pantanal, iniciada há aproximadamente três meses pela superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de Mato Grosso do Sul, desarticulou quadrilha de infratores que fraudava o sistema Documento de Origem Florestal (DOF) e negociava lenha e carvão com origem ilegal. Segundo nota divulgada pelo Ibama, a produção e distribuição irregular foram registradas principalmente nos municípios de Aquidauana, Bodoquena e Corumbá, num esquema que abastecia todo o País. De acordo com o coordenador do Grupo de Trabalho Carvão Bodoquena e chefe do Ibama em Corumbá, Ricardo Lima, o carvão produzido ilegalmente desmata cerca de 200 mil hectares por ano no MS. "Estamos tentando impedir que o Pantanal vire carvão", declarou Lima, referindo-se ao objetivo da operação.
Até o momento, a Rastro Negro Pantanal já aplicou 13 multas, ultrapassando o valor de R$ 4,7 milhões em punições. Os principais envolvidos também foram bloqueados no DOF, o que impossibilita o transporte e a venda de carvão dessas empresas. O esquema foi descoberto após investigações iniciadas em 2006, com a criação do DOF. Desde então, o Ibama passou a intensificar o trabalho de inteligência no segmento, fazendo cruzamento de informações entre dados sobre movimentação de cargas, compra e venda de carvão.
Dos dez milhões de metros de carvão que circularam no Brasil em 2007, quase metade (44%) foi originada no Mato Grosso do Sul. Lima ressalta que esses 44% se referem à parte legal do carvão que está sendo vendido. "Uma das estratégias mais utilizadas para fraude é informar no DOF uma quantidade de carvão, mas transportar uma bem superior", disse Lima. "Portanto, o MS é responsável por uma produção bem superior a 44% do total nacional de carvão produzido." Lima disse ainda que os dados da investigação serão encaminhados ao Ministério Público.
(Carina Urbanin, Agência Estado, 12/05/2008)