Nos acidentes envolvendo carroças e carros, a principal vítima costuma ser o cavalo. Em alguns casos, os ferimentos são irrecuperáveis e obrigam o sacrifício do animal.
Para a presidente do Movimento Gaúcho de Defesa Animal, Maria Luiza Nunes, a jornada de trabalho exaustiva a que os cavalos são submetidos pelos carroceiros produz danos à saúde dos eqüinos.
Cavalos que morrem ou caem no asfalto por falta de força para puxar as carroças são conseqüências do problema.
- Os carroceiros não podem ser chamados de cidadãos porque não têm obrigações, não precisam respeitar leis e não têm direitos. Quem lucra com o trabalho deles é o atravessador e quem tem cavalos para alugar a eles - opina Maria Luiza.
Na Câmara de Vereadores, um projeto de lei do vereador Sebastião Melo (PMDB) prevê a redução gradativa do número das carroças em circulação no prazo de oito anos. Em tramitação desde fevereiro de 2005, o projeto foi aprovado pela maioria das comissões - apenas uma o rejeitou - e deve ir a votação no Plenário no mês que vem.
Proposta alternativa prevê absorção de trabalhadores
A idéia é extinguir as carroças à medida que as pessoas envolvidas na atividade sejam transferidas para outras fontes de renda. Um grupo de trabalho composto por representantes da prefeitura e de associações de catadores seria responsável por buscar alternativas viáveis. Uma proposta em discussão é a construção de novos galpões de triagem de resíduos espalhados pela cidade para absorver os trabalhadores.
Pela idéia, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) passaria a ser o único autorizado a coletar o lixo nas ruas. Os atuais carroceiros atuariam nas centrais de triagem. Outra possibilidade é a instalação de contêineres para a coleta seletiva do lixo.
Se aprovado pelos vereadores, o projeto pode ter seu prazo de aplicação reduzido para quatro anos, conforme emenda apresentada pelo vereador Adeli Sell (PT). Para a ambientalista Maria Luiza, a proposta é positiva por contemplar alternativas que podem oferecer uma nova forma de renda para os carroceiros que hoje vivem da coleta.
(Por Marcelo Gonzatto, Zero Hora, 13/05/2008)