A comunidade de Jaguaré não agüenta mais o despejo aéreo de agrotóxico na região. Mesmo depois de protocolar denúncia na Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agricultura e no Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), as ações comunitárias continuam. Uma reunião será realizada no sábado (10), para ouvir novas denúncias da comunidade.
A reunião, que será realizada no auditório do Sindicato dos Servidores Públicos de Jaguaré, às 8h, tem o objetivo de mobilizar um número maior de pessoas que vêm sofrendo com o problema.
"O problema continua e estão surgindo mais pessoas com novos depoimentos. Temos o apoio dos sindicatos, da Igreja, dos pequenos produtores e das escolas famílias. A cada dia, o número de pessoas reclamando dos aviões que despejam agrotóxico é maior", ressaltou Adalto Luciano Tognere, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Segundo Adalto, já foi exigido, em caráter de urgência, que sejam tomadas providências contra o uso indiscriminado de agrotóxico na região, mas até agora, nada foi feito.
O problema também atinge outros municípios do norte e já há registros de contaminação entre a população. Aviões foram também empregados em Vila Valério e Linhares. Os agricultores denunciam que os venenos lançados nos cafezais, de norte a sul do município, contaminaram pessoas e atingiram ainda áreas próximas à Reserva Biológica de Sooretama.
Os venenos lançados sobre as comunidades produzem doenças mortais, entre as quais alguns tipos de câncer, redução da imunidade e doenças genéticas. Provocam impotência sexual (que leva ao suicídio) e frigidez.
Ao todo, os venenos agrícolas usados na produção de alimentos intoxicam 500 mil brasileiros por ano e, dos intoxicados, cerca de 10% ficam definitivamente incapacitados para o trabalho, o que totaliza uma perda de 50 mil trabalhadores/ano no País.
(Por Flávia Bernardes,
Século Diário, 09/05/2008)