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passivos de hidrelétricas
2008-05-12
“NÓS, OS moradores do Vale do Ribeira, não precisamos de mais alumínio, quem precisa é a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA)”.  A denúncia é da ambientalista Laura Jesus Maria e Costa, do município de Cerro Azul, no Vale do Ribeira – lado paranaense do rio Ribeira.  Nessa região, caso o projeto saia do papel, a construção da usina hidrelétrica de Tijuco Alto pode afetar diretamente cerca de 600 pessoas de cinco cidades diferentes.  À energia produzida cabem dois destinos: alimentar a planta de alumínio da Votorantim, na cidade de Alumínio (SP), ou então ter o seu excedente vendido.  A megaempresa de Antônio Ermírio de Moraes, inclusive, possui atualmente 18 pequenas hidrelétricas.  O exemplo do projeto em Tijuco Alto é sintomático (saiba mais abaixo) , embora, seja dos menores.  Com capacidade para produzir somente 300 megawatts (MW), não se compara a projetos como o da hidrelétrica de Belo Monte (PA), no rio Xingu, que alcança os 11 mil MW de energia, comparável em quantidade à produção de Itaipu, embora sem o mesmo desempenho.  Outro grande projeto é o das usinas de Santo Antônio e Jirau (RO), no rio Madeira, com capacidade estimada em 6.450 MW.

Modelo global
 A hidrelétrica de Belo Monte tem como um dos seus objetivos gerar energia para a fabricante de alumínio Albrás, cujo controle acionário é repartido entre a transnacional Vale (antiga Vale do Rio Doce, dona de 51% das ações) e o consórcio japonês Naac (49%).  Este “reúne os maiores produtores de alumínio do Japão que decidiram fechar suas fábricas ainda nos anos 1980 por causa do alto custo da eletricidade”, como descreve Célio Bermann, da Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro Energia no Brasil: para quê?  Para quem?.  O professor explica que o Japão é o principal beneficiário da exportação do alumínio (90%), base para a indústria automobilística.  Atualmente, a energia é recebida da usina de Tucuruí, segunda maior brasileira (7.960 MW), no rio Tocantins.  Da energia produzida, a Albrás detém a prioridade, seguida da Alunorte (produtora de alumina) e da mina de Carajás (minério de ferro).  Em 2002, os eletrosintensivos usavam 67% da potência disponível da usina, de acordo com obra A eletricidade gerada em Tucuruí: para onde?  Para quê?, editada por Oswaldo Cevá, da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).  De acordo com ele, a energia de Belo Monte teria um destino semelhante.  “Ela se destinaria principalmente à ampliação das indústrias eletrointensivas no Pará, no Amapá, talvez a abastecer Manaus, e, de qualquer modo, parte da eletricidade dali iria reforçar o sistema interligado nacional, onde várias atividades eletrointensivas estão se ampliando”.

Transferência
A indústria de alumínio está marcada pelo alto dispêndio de energia.  Sozinha, ela usa 12% da que é gerada no país.  Altos índices de consumo também caracterizam as eletrointensivas do setor de celulose e cimento para construção civil.  Cobre e níquel são outros potenciais clientes.  A produção de energia necessária para tanto causa um grande passivo ambiental, que os países centrais estão buscando transferir para a América do Sul, a África e a Ásia.  Segundo Gilberto Cervinski, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), esse modelo energético exporta produtos de alta densidade energética, com as eletrointensivas recebendo a energia a preços de custo.  “O Brasil entra com rios e terras.  Há uma crise mundial de energia, que afeta os países centrais do capitalismo.  Transfere-se a produção para os países que têm energia em abundância e, no Brasil, há um potencial hídrico de 70% a ser aproveitado”, lista.

Para entender

Tucuruí – Atualmente é maior usina hidrelétrica instalada na região Norte.  Fornece metade da energia produzida para as fábricas Almar (pertencentes às transnacionais Alcan, Alcoa e Billiton) e Albras (Vale e consórcio japonês), de alumínio.  A construção da usina, em 1984, deslocou mais de 24 mil pessoas de sua região de origem.

Belo Monte – Pode atingir mais de 14 mil pessoas, inclusive a reserva do povo indígena Paquiçama Juruna.  Está prevista a viabilização da obra por meio da construção de cinco barragens, que inundariam um total de 10 mil quilômetros quadrados.  Os consumidores prováveis para a energia do rio Xingu são as fábricas Alumar e Albrás (alumínio), aparte a expansão das minas da região Carajás.  De acordo com Oswaldo Ceva, da Unicamp, o projeto data de 1980.  “Já tentou se implantar duas vezes, em 1988 e em 2001, e foi derrotado.  Na primeira vez, politicamente pelos movimentos locais e pelos índios da bacia do Xingu e, na segunda vez, por uma ação civil pública que interrompeu a elaboração do estudo de impacto.  O governo Lula, principalmente após sua aliança integral com o grupo do ex-presidente José Sarney, ressuscitou o projeto Belo Monte”, comenta.

Santo Antônio e Jirau – Usinas projetadas para o rio Madeira.  Gilberto Cervinski, do MAB, descreve que tal projeto se dá segundo o interesse de empresas distribuidoras de energia, do setor eletrointensivo – responsável por 30% da demanda –, do agronegócio, da indústria de máquinas e equipamentos e dos bancos.  Conta ainda com dinheiro público: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai financiar essas obras, no valor de R$ 28 bilhões.  “O que, dividido pela população de Rondônia, seriam R$ 20 mil por pessoa”, afirma.

(Agência Brasil de Fato, Amazonia.org.gbr, 12/05/2008)



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