Dois grupos estão na disputa, um com Furnas e Odebrecht e outro com Suez e Camargo Corrêa
Os interessados em participar do leilão da Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO), fazem hoje a inscrição na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A apresentação dos documentos necessários poderá ser feita das 10 às 17 horas, no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo. O leilão está marcado para o dia 19, em Brasília.

A expectativa é de que dois consórcios se apresentem para a disputa: o que é liderado por Furnas e Odebrecht - vencedor do leilão da outra usina do Rio Madeira, a de Santo Antônio, no ano passado - e o grupo formado pela franco-belga Suez com a construtora Camargo Corrêa e as estatais Chesf e Eletrosul.
No leilão de Santo Antônio, Suez e Camargo Corrêa foram concorrentes, assim como as estatais Chesf e Eletrosul, que estavam em consórcios distintos. Para especialistas, juntas, as quatro empresas ganham em robustez e dão mais equilíbrio ao leilão de Jirau, reduzindo o eventual favoritismo do consórcio Furnas/Odebrecht.
"Se, por um lado, Furnas e Odebrecht têm a vantagem de conhecer melhor o projeto, por terem feito os estudos técnicos, por outro o consórcio da Suez com a Camargo e as duas estatais é bastante consistente. Não dá para saber quem vai ganhar", disse o consultor Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE).

Ele lembrou que o grupo formado pela Odebrecht com Furnas tem também a vantagem de ter sido o vencedor da disputa por Santo Antônio. Como as duas usinas são semelhantes e serão construídas na mesma região, o consórcio pode se aproveitar dos ganhos de escala na obra para fazer lances mais ousados.

Vencerá a disputa pelo direito de construir e operar Jirau o consórcio que se propuser a cobrar a menor tarifa pela energia que venderá às distribuidoras. No caso do leilão de Santo Antônio, o consórcio Furnas/Odebrecht (Madeira Energia) venceu ao oferecer R$ 78,87 pelo megawatt-hora (MWh), o que representou um deságio de 35% em relação ao preço-teto apresentado pelo governo, de R$ 122.

Devido à forte redução de preço obtida em Santo Antônio, o governo propôs, para Jirau, um preço máximo bem inferior, de R$ 91 por MWh. Para Pires, o deságio no leilão da próxima semana deverá ser inferior ao verificado em Santo Antônio, até pelo fato de a disputa dessa vez envolver apenas dois consórcios.

Quando estiver concluída, a usina de Jirau terá uma potência instalada de 3.300 megawatts. O governo calcula que a construção da usina demandará investimentos de cerca de R$ 8,7 bilhões. A estimativa oficial é de que Jirau comece a produzir energia em janeiro de 2013.

(Por Leonardo Goy, O Estado de São Paulo, 12/05/2008)