O senador Pedro Simon (PMDB-RS) defendeu a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a privatização da companhia Vale do Rio Doce, feita durante o governo Fernando Henrique. Em pronunciamento no Plenário do Senado, na sexta-feira (09/05), ele também criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter começado o que chamou de "internacionalização da Amazônia", com o processo de concessão da exploração de florestas por empresas privadas.
Simon fez referência à concessão da exploração da Floresta Nacional do Jamari, em Rondônia. Em relação à Vale do Rio Doce, Simon lembrou que a estatal foi privatizada no governo FHC por U$ 3,3 bilhões, enquanto em apenas cinco anos obteve um lucro líquido de U$ 55 bilhões.
- Como explicar ao povo brasileiro, o verdadeiro proprietário da empresa estatal, essa diferença ? - indagou Pedro Simon.
O senador disse ter dúvida se um possível e aparente desvirtuamento do valor do preço mínimo da Vale tenha corrido por erro de avaliação econômica. Para o senador, tudo indica que os economistas da Merrill Lynch - empresa responsável pela avaliação da companhia à época da privatização e pelo processo de venda - seguiram orientação eminentemente política.
- É impossível que os economistas da Merrill Lynch sejam tão incompetentes a ponto de desconhecerem a situação óbvia da projeção dos mercados - declarou o parlamentar.
Simon ressaltou ainda que na avaliação da Merrill Lynch não foi considerada devidamente, por exemplo, a emergência do mercado chinês para o consumo do aço, quando os dados de uma explosão de desenvolvimento na China já estavam indicados, lembrou. Também não se deram conta, disse Simon, da reserva de minérios estratégicos.
- Por problemas de método de avaliação não foram levadas em consideração reservas de minérios. Mantido o consumo da época, daria para mais 400 anos, quatro séculos de atividades da Vale. Repito, o estoque de minério entrou no negócio por valor zero. Foi zero o valor - insistiu Pedro Simon.
Ele também observou que os jornais mostram que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), gestor de programa de privatização brasileiro, acaba de conceder um crédito no valor de R$ 7,3 bilhões - o maior financiamento já concedido pelo BNDES - e o diretor do banco que aprovou o empréstimo foi contratado para a diretoria da Vale do Rio Doce. Simon disse que não questiona a necessidade de privatizar empresas, mas o processo de "propinização" da privatização.
(Por Geraldo Sobreira, Agência Senado, 09/05/2008)