Nos próximos dia 14 e 15, os índios Tupinikim da aldeia de Pau Brasil irão apontar as necessidades, assim como o que é prioritário para o desenvolvimento da comunidade. Os apontamentos serão feitos na "2ª. Oficina de Educação em Saúde e Mobilização Social", que deverá mobilizar setores da saúde, da agricultura e geração de renda.
Segundo a Fundação Nacional de Saúde (Funada), que está coordenando as oficinas junto à prefeitura de Aracruz, a intenção é construir uma proposta de educação em saúde e mobilização social com os índios para fortalecer as formas de organização comunitária em busca de uma melhor qualidade de vida.
Neste sentido, os técnicos da Funasa, da Prefeitura de Aracruz e do Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural (Incaper) deverão ouvir a comunidade durante dois dias de atividades baseadas nos problemas enfrentados pela comunidade nas áreas de higiene, alimentação, geração de renda, lazer, cultura, entre outros.
A expectativa de agir de forma integrada com a comunidade é que a ação incentive os índios a se agrupar e procurar seu próprio desenvolvimento, cabendo aos técnicos apenas apoiar as propostas para melhorar a qualidade de vida deles.
A programação contará com debates sobre construção de hortas, alimentação alternativa, economia criativa, oficina de aproveitamento de lixo para confecção de artigos de decoração e utilidades, além de atividades recreativas para as crianças.
Ao todo vivem no sul do Estado, em Aracruz, 2.278 índios Tupinikim e Guarani. Na aldeia de Pau Brasil, são 428 índios divididos em 104 famílias, havendo ao todo 280 do sexo masculino e 210 do sexo feminino, segundo os dados da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Estes índios vivem ilhados por eucaliptos e, apesar de terem reconquistado suas terras recentemente, ainda não têm sem orientação para a recuperação de suas terras, assim como para cultivo de alimento em um solo degradado, como o existente na região.
Durante anos, os Tupinikim e Guarani do sul do Estado assistiram
à degradação de suas terras e à contaminação das águas na região devido ao plantio extensivo de eucalipto e a utilização do agrotóxico na região.
Atualmente, além das oficinas realizadas pela Funasa e demais órgãos para subsidiar as comunidades em atividades sustentáveis e na construção de uma qualidade de vida mais saudável, os índios aguardam ainda um estudo étnico-ambiental prometido pela Funai, que deveria avaliar o grau de degradação dos 11.009 hectares de terras degradados no passado pela Aracruz Celulose e elaborar projetos de sustentabilidade para a comunidade.
O estudo estava prometido pela Funai para se iniciar em janeiro deste ano, mas até este mês não havia data marcada para isso acontecer.
(Por Flávia Bernardes,
Século Diário, 08/05/2008)