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conf. nacional meio ambiente
2008-05-09
Programada para as 19h, só às 21h45 da noite de quarta-feira começou a execução do Hino brasileiro, abrindo oficialmente a III Conferência Nacional do Meio Ambiente, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF).

O atraso de uma hora e 45 minutos não foi, porém, capaz de ameaçar o clima ameno em que transcorreu a solenidade.  Afora um ensaio de vaia à ministra Marta Suplicy, do Turismo, quando ia sendo composta a mesa, o que se viu de modo geral foi uma perspectiva de bons resultados no evento, que este ano discute as Mudanças Climáticas.

À tarde, um grupo de delegados antecipou a AmbienteBrasil que ia tentar promover um “ato público”. A queixa em foco era a pouca atenção que o Governo Federal deu a deliberações extraídas nas duas edições anteriores da CNMA. Entre as principais delas, a rejeição ao projeto de transposição das águas do São Francisco, solenemente desconhecida pelo Governo e, da mesma forma, a rejeição à agricultura transgênica.

O “ato público” ficou só no terreno das idéias, mas componentes da Mesa trataram de transmitir alguns recados importantes. Representando a iniciativa privada, o presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Fernando Almeida, registrou que o Brasil é o quarto maior emissor de gases causadores de efeito estufa e 75% dessa carga é proveniente do desmatamento e de queimadas. “Nós fazemos parte do problema e temos que fazer parte da solução”, disse.

Temístocles Marcelos, coordenador da CNMA-CUT e secretário executivo do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS), falou como representante do terceiro setor e observou que um desafio fundamental do evento era a implementação das deliberações das edições anteriores da Conferência. “No âmbito dos Ministérios das áreas econômica e de planejamento, ainda há muito o que implementar”.

Ele criticou duramente o Judiciário na questão da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, sendo bastante aplaudido. E conseguiu a mesma reação da platéia num rompante eleitoreiro, em que lançou a candidatura da ministra Marina Silva à presidência da República.

Algumas vaias foram dirigidas ao secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal, Cássio Taniguchi, em cuja fala estenderam uma faixa com os seguintes dizeres: “O PDOT no DF é uma farsa. ZEE já!”, assinada por “Delegados do DF”. Traduzindo, o PDOT é o Plano Diretor de Ordenamento Territorial que, pelo jeito, preferem ver substituído pelo ZEE, sigla de Zoneamento Ecológico-Econômico.

Quando a ministra Marina Silva deu início a seu discurso, abriram outra faixa, esta informando que “O sertão está perdendo a Caatinga e chorando a morte do rio Paraguassu”.

Dali a pouco, mais uma faixa exortava: “Aprovação da PEC do Cerrado já. Fora elite do agronegócio! Vida longa aos povos do cerrado”, com assinatura da ONG Amiver (Associação Amigos do Veredinha) e de delegados do DF.

No bojo das manifestações populares, sobrou até para os Estados Unidos. Uma outra faixa exposta durante o discurso da ministra colocava: “O que interessa é a emissão de gases per capita. EUA: 4% da população mundial, 25% das emissões planetárias. O maior crime da história da humanidade”.

Fazendo uma correlação com os desafios ambientais, Marina Silva citou o poeta Thiago de Melo, lembrando o final de Os Estatutos do Homem: “Não tenho um caminho novo. O que eu tenho de novo é um jeito de caminhar”. Ela repetiu a citação na manhã seguinte, durante o lançamento pelo presidente Lula, no Palácio do Planalto, do Plano Amazônia Sustentável – PAS (leia mais sobre o assunto na Ecoluna).

Encerrando a solenidade, houve show do cantor e compositor Almir Sater.

Na prática

As propostas aprovadas durante a Conferência, que será encerrada neste sábado, vão ser entregues ao Comitê Interministerial de Mudança do Clima e ajudarão na formulação do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que estabelecerá as ações estratégicas a serem adotadas com vistas à mitigação e à adaptação a esse cenário.

O Plano é um dos principais instrumentos para implementação da Política Nacional sobre Mudança do Clima, cuja previsão de envio ao Congresso Nacional é ainda neste semestre.

Conforme a divulgação do Ministério do Meio Ambiente, a plenária nacional foi precedida de 751 conferências locais (municipais, regionais, estaduais e do Distrito Federal), com a mobilização de mais de 100 mil pessoas. As discussões tiveram como base um texto com informações científicas sobre as mudanças do clima.

Foram recebidas mais de cinco mil propostas das Conferências Estaduais, que envolvem áreas como aquecimento global, exploração predatória dos ativos florestais, preservação da biodiversidade agropecuária, energia, resíduos, indústria, transporte, saúde, recursos hídricos, assentamentos humanos, ecossistemas naturais e desenvolvimento tecnológico, entre outros.

(Por Mônica Pinto, Ambiente Brasil, 09/05/2008)








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