Neste sábado, dia 10 de maio, será inaugurada a ponte jornalista Octavio Frias em São Paulo. A ponte já é considerada por ambientalistas como o símbolo máximo da São Paulo do automóvel. O “Estilingão”, como é chamada a obra, não é apenas uma ponte, é um monumento. Talvez o maior símbolo da São Paulo higienista, especuladora, corrupta e voltada ao transporte individual, dizem os ambientalistas.
Entidades sociais farão durante a inauguração um ato paralelo, um protesto cultural contra a política urbana de exclusão social que essa obra simboliza. Reproduzimos na íntegra o convite que está sendo distribuído pelas entidades organizadoras do ato.
São Paulo pra debaixo da ponte"Neste sábado, 10 de maio, a cultura do individualismo e da segregação será homenageada em São Paulo. O ato pela inauguração da ponte jornalista Octavio Frias de Oliveira representa o símbolo máximo da São Paulo higienista, especuladora, corrupta e voltada ao transporte individual.
O "Estilingão", que mais do que uma ponte é um monumento, custou aproximadamente R$275 milhões. Esse dinheiro seria suficiente para construir 1000 quilômetros de ciclovias em São Paulo ou para fazer a ligação por trilhos entre o aeroporto de Congonhas e o metrô. Também poderia ser usado para manter faixas de pedestre pintadas em todas as esquinas da capital durante uma década, construir 100 quilômetros de corredores de ônibus, além de muitas praças e inúmeras habitações populares. Mas nada disso será feito.
Enquanto todos esses projetos para uma cidade mais humana são jogados pra debaixo da ponte, a inauguração do estilingão dá mais um passo mais rumo à consolidação de um mega-projeto urbanístico-financeiro, elaborado em parceria por especuladores imobiliários e poder público, com o objetivo de transferir o coração do capitalismo brasileiro para as margens do rio Pinheiros (e ganhar muito dinheiro com isso).
A conta, paga por todos os que não estão lucrando com isso, inclui a expulsão dos moradores das várias favelas da região (Jd. Edith, Real Parque, Jd. Panorama, Jd. Colombo, Paraisópolis), do povo que realmente construiu todos esses mega-empreendimentos, mas que jamais foram nem serão convidados para nenhuma das inaugurações.
No dia 10 de maio, enquanto as elites endinheiradas comemoram a criação de mais um "monumento" para a São Paulo, nós, que não fomos convidados para a festa, vamos ocupar o espaço da maneira que nossa cidade deve ser, com poesia na praça, bicicleta na rua e gente no centro".
O convite está sendo distribuído pela Favela Atitude, Coletivo Ecologia Urbana, Bicicletada, Coletivo Epidemia, Sarau do Binh
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Instituto Humanitas Unisinos, 09/05/2008)