Das seis cidades que disputavam a instalação da fábrica da Votorantim Celulose e Papel (VCP), duas ainda estão no páreo e a confirmação deve acontecer dentro de dois meses. Arroio Grande ou Rio Grande poderá receber a unidade de produção de celulose no Rio Grande do Sul. O anúncio foi feito pela diretoria da empresa ontem (08) pela manhã em entrevista coletiva.
A disputa entre as duas cidades se dá por conta das melhores condições técnicas que apresentam para sediar o empreendimento. O valor total do investimento, conhecido como Projeto Losango, está orçado em 2 bilhões de dólares. A escolha deve beneficiar toda a região com a formação de mão-de-obra qualificada, geração de empregos diretos e indiretos e divisão do valor adicionado, utilizado no cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Segundo o diretor-presidente da VCP, José Luciano Penido, os dois municípios têm total condições de sediar a fábrica e até o mês de julho serão realizados os últimos levantamentos para a decisão. “A partir de agora vamos colher dados microlocalizados, fazer estudos econômicos mais detalhados para definir se é melhor irmos para mais perto das florestas em Arroio Grande ou para o litoral, em Rio Grande”, explicou.
A construção da fábrica será em 2009 e o início da operação está previsto para 2011. A capacidade inicial de produção é estimada em 1,3 milhão de toneladas de celulose por ano. Segundo a diretoria da empresa, estudos indicam que uma unidade desse porte pode gerar mais de 30 mil empregos em toda cadeia produtiva envolvida.
Administradores estão na torcida pela decisão
Arroio Grande - A VCP possui mais de quatro mil hectares no distrito de Santa Isabel, que tem recebido uma série de investimentos em infra-estrutura. Entre os projetos previstos para o local, está a reativação da balsa que leva até o Porto de Rio Grande. Segundo o prefeito, Jorge Cardozo, já foi feito o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) para o plantio de eucalipto e outro é elaborado pela VCP para a instalação da sede. “Se a fábrica ficar no lado oeste do canal São Gonçalo, onde estão as plantações, o transporte da matéria-prima para a sede será facilitado. Caso contrário, o material terá que percorrer mais de 60 quilômetros e passar por dois pedágios até a única ponte”, afirmou.
Rio Grande - A cidade é sede do porto por onde a empresa planeja escoar sua produção. A VCP já adquiriu em torno de oito mil hectares na região de Palma, próxima à vila do Taim. Segundo o prefeito Janir Branco, o município tem como vantagem sobre Arroio Grande a sede do complexo portuário. “Como a empresa vai produzir para exportar, o porto mais próximo é uma vantagem. Teremos também que realizar algumas obras de infra-estrutura, principalmente estradas”, explicou. Mas o prefeito não aponta apenas as qualidades do município que comanda e acredita que independente das cidades, toda a região será beneficiada. “Estamos na torcida e somos favoráveis à instalação da unidade porque gerará milhares de empregos e o projeto respeita os padrões internacionais de meio ambiente.”
O que já foi feito
A VCP já plantou 48,7 mil hectares no Estado e este ano deve plantar mais de 20 mil. A base florestal que fornecerá a matéria-prima (eucalipto) para a unidade gaúcha, deverá ter uma área total de 280 mil hectares, destes 140 mil são destinados para o plantio e outros 140 para áreas de preservação e conservação de espécies nativas.
No início do mês, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) emitiu a licença prévia que autoriza o cultivo de eucalipto em mais 110 mil hectares na região.
Próximos passos
Agora a empresa aguarda liberação do EIA-Rima que deve ser emitida até o final do ano, além das licença de solo (onde a fábrica será instalada), da Agência Nacional de água e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que deverão ser expedidas junto com o EIA-Rima até o final do ano.
Retorno garantido
Além da geração de empregos diretos e indiretos, a Votorantim assinou convênio com o Governo do Estado que garante a partilha do Valor Adicionado para o retorno do ICMS entre as duas cidades que poderão receber o empreendimento. Pelo acordo, o município que sediará a fábrica, ficará com 50% do retorno e o restante será distribuído entre outras 20 cidades da área de atuação da empresa.
A rede de impacto de um projeto como este, considerado o de maior investimento da VCP em todo o País, deve gerar 40 mil empregos nas áreas de transporte, serviços, alimentação, saúde, comércio, indústria, entre outros.
Captação de Água
Segundo o diretor de Engenharia da VCP, Carlos Monteiro, para a produção de celulose e papel serão necessários 2,34 metros cúbicos por segundo de captação de água, que será retirada do canal São Gonçalo, durante todo o processo de produção da matéria-prima.
Fábrica de Papel
A diretoria também anunciou o licenciamento de uma fábrica de papel na região. O projeto está em andamento sem previsão de instalação.
(Por Lisandra Reis, Diário Popular, 09/05/2008)