O promotor Edson Cardoso de Souza ingressou, nesta quinta-feira, com uma petição de interposição de recurso no Tribunal de Justiça do Pará pedindo um novo julgamento do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do assassinato da freira norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang, em fevereiro de 2005.
Segundo Souza, o argumento do pedido é de que o julgamento foi contrário à prova dos autos. "Os jurados julgaram contra as provas do processo", explicou o promotor.
Na última terça-feira, o Tribunal do Júri de Belém considerou, por cinco votos a dois, que Bida não é culpado do crime de homicídio doloso duplamente qualificado. Este foi o segundo julgamento de Bida. No primeiro, em maio de 2007, ele foi condenado a 30 anos de prisão. Como a pena ultrapassou 20 anos de prisão, ele teve direito a um novo júri popular.
Souza espera uma resposta do tribunal sobre a possível realização do novo julgamento de Bida apenas para o fim deste ano. "A pauta é muito longa e por isso os desembargadores devem demorar para estudá-las. Além disso o réu está solto. Se estivesse preso, a resposta seria mais rápida", afirmou.
Caso Dorothy
Dorothy Stang foi assassinada em 12 de fevereiro de 2005, em Anapu (PA). Ela foi morta aos 73 anos com seis tiros quando se dirigia a uma reunião com agricultores no interior de Anapu. Ela atuava havia 40 anos na organização de trabalhadores no Pará.
De acordo com a Promotoria, a morte dela foi encomendada porque a missionária defendia a criação de assentamentos para sem-terra na região, o que desagrava fazendeiros.
Sua morte foi encomendada por fazendeiros pelo valor de R$ 50 mil, segundo as investigações da polícia.
(Por Mariana Sant'Anna, Folha Online, 08/05/2008)