O presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, Vaz de Lima, recebeu nesta quarta-feira (07/05), David Stang, irmão da freira Dorothy Stang, morta em 2005 por pistoleiros no Pará, e a irmã Júlia Depweg, missionária da Irmandade de Notre Dame.
Ainda abalados e profundamente indignados com o resultado do julgamento que deixa livre Vitalmino Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do crime, ambos estiveram na Assembléia a convite da deputada Ana Perugini (PT). Eles desenvolvem uma campanha contra a impunidade no Pará e, por conseqüência, no país, divulgando fatos que envolvem o trabalho e a morte de Dorothy.
David Stang afirmou que confia nos esforços do governo, mas quer entender como sua irmã, que entregou a própria vida a uma obra solidária, foi morta sem que o crime seja legalmente reparado. Ele disse que "o promotor e sua assistência fizeram um trabalho maravilhoso. Seus argumentos foram mais claros e melhor estruturados que no primeiro julgamento. Como eles perderam desta vez? Estou em choque e acredito que vocês também estão".
A Irmã Júlia disse que neste novo julgamento "Dorothy morreu outra vez, física e moralmente, através de toda a retomada dos fatos e também pela banalização do motivo do assassinato. A liberdade de Bida é uma ameaça para a população de agricultores."
Ana Perugini destacou que o trabalho da Irmã Dorothy teve um caráter humanitário e que temos o dever lutar contra a impunidade.
O deputado José Candido (PT) afirmou que "sente-se indignado com as autoridades opressoras e enojado com as notícias do Pará", que apontam ainda para outras pessoas que estão sendo ameaçadas por defenderem as mesmas causas abraçadas pela irmã Dorothy.
Vaz de Lima demonstrou um profundo pesar pelo resultado do julgamento e expressou sua gratidão pelo trabalho que a irmã desenvolveu: "devemos pensar no que a vida dela nos trouxe e como ela, através do testemunho de sua obra, pode ainda contribuir para que nossa luta não seja arrefecida". Afirmou também que "a Alesp fará todo o possível para enfrentar a impunidade".
(AL-SP, 07/05/2008)