A ministra Marina Silva destacou nesta quarta-feira (7), em pronunciamento no XXXV Seminário Internacional de Orçamento Público, em Brasília, o papel das pessoas envolvidas nas tomadas de decisão sobre a aplicação dos recursos públicos na efetiva implementação dos novos paradigmas de desenvolvimento. Falando sobre o tema Desenvolvimento Sustentável e Mudanças Climáticas: cenários e efeitos econômicos, sociais e políticos, a ministra disse que o mundo já está vivendo sob o efeito do aquecimento global, mas já há conhecimentos técnico-científicos e acordos internacionais altamente relevantes para enfrentá-lo. O que falta é o compromisso ético de implementá-los.
"É fundamental que passemos dos acordos para as ações concretas", disse a ministra para uma platéia de cerca de duzentos técnicos de orçamento da América Latina. "Boa parte das respostas técnicas já temos. Nosso grande desafio é promover o equilíbrio entre o avanço técnico e o compromisso ético de colocar nosso conhecimento e tecnologia para favorecer processos civilizatórios que vão desde combater as mazelas sociais, que são inaceitáveis, a enfrentar os problemas climáticos que podem comprometer efetivamente a possibilidade de vida na Terra".
A resposta para o enfrentamento desses problemas, segundo Marina Silva, só será possível com a mudança dos paradigmas de desenvolvimento e da adoção de modelos sustentáveis em suas várias dimensões: econômica, social, ambiental, cultural, política e ética. Foi para esse amplo conceito de desenvolvimento sustentável, o qual muitas vezes exige grandes investimentos no presente para evitar perdas futuras ainda mais volumosas, que Marina Silva alertou os participantes do seminário:
"Quando vamos aprovar os orçamentos dos nossos países verificamos se os projetos e ações que estão sendo financiados com recursos públicos incorporam os critérios de sustentabilidade ou continuam nos velhos paradigmas?. Será que os investimentos necessários, que muitas vezes parecem volumosos, são de fato difíceis e pesados ou vão evitar prejuízos ainda maiores?"
Marina Silva também fez um relato dos esforços que o Brasil tem feito, e os resultados já alcançados, na redução da emissão de gases de efeito estufa, especialmente por meio da adoção de matriz energética limpa e do combate ao desmatamento. Ela defendeu o modelo de produção sustentável dos biocombustíveis, que nos últimos 25 anos reduziram em 600 milhões de toneladas a emissão de CO2 no País.
"Nós queremos que os biocombustíveis no Brasil sejam de fato uma contribuição para os aspectos de mitigação e adaptação. E para isso é preciso que a equação feche na idéia do desenvolvimento sustentável. É preciso que se produza sem comprometer a segurança alimentar e ambiental. É uma grande oportunidade para que possamos contribuir com o aspecto de mitigação mas também para a geração de riquezas, de desenvolvimento econômico e social, em forte sinergia com as metas do milênio", disse.
(Por Lucia Leao,
MMA, 07/05/2008)