A cheia do Rio dos Sinos provocada pela chuva do final de semana na cabeceira do rio, em Caraá, e no Vale do Sinos é a maior desde 1975
Conforme dados da Estação Climatológica de Campo Bom, há 33 anos o nível do rio chegou a 7m70cm. Na noite da última terça-feira (06), estava em 7m40cm na unidade de medição em Campo Bom, onde o nível normal é de 4m80cm. Até ontem (07), pelo menos 4,8 mil pessoas haviam sido atingidas pela cheia em Campo Bom, Sapiranga, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Taquara.
A enchente decorre de dois fatores: o volume de precipitação sobre o próprio Vale - 136,9 milímetros entre sexta-feira e domingo, enquanto o normal para todo o mês de maio é 114 milímetros - e os mais de 200 milímetros de chuva que, no final de semana, deixaram parte do município de Caraá embaixo d´água.
Geógrafo e responsável pela Estação Climatológica de Campo Bom, Nilson Wolff estuda a evolução do clima no Vale do Sinos há mais de 30 anos.
- As enchentes nesses municípios mais abaixo sempre acontecem cerca de 72 horas depois do término da chuva, pois esse é o tempo que a água da cabeceira do rio leva para descer. É por isso que a cheia nesses municípios sempre ocorre com céu limpo - explica Wolff.
Ontem, em São Leopoldo, pelo menos 300 casas em que vivem cerca de 1,2 mil pessoas nos bairros São Geraldo e Pinheiros foram atingidas. O Parque Imperatriz Leopoldina ficou submerso e, durante todo o dia, moradores se mostraram apreensivos com o boato de que o dique de contenção das águas do Sinos pudesse se romper - hipótese descartada pela Defesa do Civil do município e por técnicos do Ministério da Integração Nacional.
- Não há chances de isso acontecer - garantiu o coordenador da Defesa Civil, Silomar Roberto Gomes.
Em Sapiranga, moradores desalojados chegam a 300
Em Novo Hamburgo, foram atingidas cerca de 1,2 mil pessoas dos bairros Canudos e Santo Afonso e da Vila Integração, o que levou o prefeito Jair Foscarini a decretar situação de emergência. A dona de casa Ozene Menezes, 51 anos, ficou ilhada com os netos no bairro Canudos desde a noite de terça-feira e foi resgatada por volta das 10h de ontem:
- Praticamente dormi na água - contou Ozene.
Em Sapiranga, cerca de 300 moradores do bairro Porto Palmeira foram desalojados e, em Campo Bom, cerca de 400 famílias, atingidas na terça-feira, permaneciam com suas casas invadidas pela água nos bairros Porto Bloss, Barrinha e Vila Rica.
(Zero Hora, 08/05/2008)